Page 87 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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- Como assim “até amanhã”?
- Ué, não ficou sabendo? Não conseguiram arrumar outra
pessoa e você vai completar o nosso time por tempo indeterminado.
Amanhã você começa a atender os chamados em campo. Venha
cedo e - sugestão - não venha de terno...
Fiquei atônito. Depois indignado. Saí bufando de lá, revoltado! A
revolta se converteu rapidamente em ódio: passei a
verdadeiramente odiar ter que ir todo dia praquele lugar. No dia
seguinte cheguei arrastado, com a boca amarga e o pior ânimo
possível. Sequer cumprimentei o pessoal, pois não os considerava
dignos disso (nenhum deles tinha certificados como eu, imagine
você!?). Peguei minha lista de chamados e fui até as pessoas
resolver os seus problemas, que muito a contragosto, agora também
eram meus.
O trabalho era muito chato e sem sentido pra mim. Eu não tinha
uma mesa pra chamar de minha. Tudo se resumia em receber uma
lista enorme de chamados e ir, de pessoa em pessoa naquela
empresa enorme, resolver seus problemas “infantis”, pois eram
todos muito básicos para minha genialidade em conhecimentos
tecnológicos. Ali, era uma impressora desconfigurada. Do outro
lado, alguém incapaz de trabalhar direito no Word ou Excel... A cada
chamado, mais revoltado com tudo aquilo eu ficava, me sentindo
totalmente subaproveitado. E quanto mais achava tudo aquilo muito
injusto comigo, mais eu ia me tornando um cara insuportável tanto
para minha equipe, quanto para os usuários a quem devia servir.
Quando acabava uma lista, voltava para a nossa base e o pessoal
imprimia uma nova lista enorme pra eu começar tudo de novo. Sim,
meu inferno não tinha fim e me sentia um Sísifo[30] da era moderna.
Não fazia questão alguma de ter amigos ali. Então, naturalmente
vivia por conta própria. Almoçava sozinho e vivia isolado dos
colegas. Só tinha um cara na equipe, mais velho que os demais, do
mesmo time de campo que eu, que estranhamente parecia gostar
de mim. Mesmo que eu não fosse um cara legal e o achasse um
grande perdedor por ser ainda um help desk com aquela idade
“avançada” (tinha 32 anos na época), ele sempre me
cumprimentava com carinho e me ajudou com muitas dicas no meu