Page 85 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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coisa  pra  poucos  aqui  no  Brasil,  tive  uma  rápida  ascensão  na
                carreira  de  TI  e  já  começava  a  participar  de  projetos  bastante
                complexos.  Era  muito  jovem,  trabalhava  de  terno  e  gravata,

                ganhava cada vez melhor... ah, comecei a me achar muito incrível!
                Nesta fase da minha jornada, eu tinha uma visão muito estreita do
                mundo:  dava  importância  às  pessoas  pelo  seu  cargo  ou  função.
                Assim,  naquela  época,  um  faxineiro  pra  mim  era  um  perdedor,
                pessoa pouco importante pela função que exercia em comparação
                comigo.  Já  um  presidente  de  empresa  era  alguém  muito  mais
                importante e que merecia todo meu respeito. Esse fui eu.
                     Um belo dia, entre um projeto e outro, recebo um chamado do

                meu chefe, me pedindo para ir a um de nossos clientes segurar as
                pontas de um funcionário que havia pedido demissão. Estranhei o
                pedido,  pois  sabia  que  o  contrato  que  tínhamos  com  aquela
                empresa não era de projetos complexos de tecnologia parecido com
                os que eu estava acostumado a participar, mas simplesmente uma

                operação terceirizada de help desk (suporte técnico a usuários).
                     Desconfiado,  me  dirigi  pra  lá  em  busca  do  chefe  da  nossa
                equipe, composta por quase 30 pessoas, que atuavam no suporte
                técnico  de  tecnologia  aos  empregados  daquela  empresa.  Alguns
                trabalhavam  o  dia  todo  no  telefone,  recebendo  os  chamados,
                tentando resolver as dúvidas mais básicas por ali mesmo. Outros,
                faziam  parte  do  time  de  campo,  que  atendia  in  loco  os  usuários,

                resolvendo  problemas  um  pouco  mais  complexos  que  a  turma  do
                telefone  não  conseguia  resolver.  Encontrei  o  chefe.  Olhei  para  o
                cara  de  alto  a  baixo,  achando-o  de  cara  muito  malvestido.  Para
                piorar  ele  não  tinha  certificados!  Imediatamente,  não ganhou  meu
                respeito:  estava  diante  de  mim  um  simples  coordenador  de  help
                desk - que se comparado com o status da minha carreira - era pra

                mim um perdedor. Travamos um rápido diálogo inicial:
                     - Oi! Sou o Rodrigo Maruxo. Vim pra cá a pedido do chefe...
                     - Oi, Rodrigo! Bem-vindo! Me avisaram que vinha. E chegou em
                boa hora... temos muita coisa pra fazer hoje! Mas sugiro que tire o
                terno e o coloque ali no nosso armário, pois você vai se sujar!
                     - Oi? Como assim “me sujar”?
                     -  Ah!  É  que  temos  alguns  cabos  pra  puxar,  fazer  algumas

                instalações  nas  mesas  dos  usuários...  Se  prepara  para  suar
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