Page 88 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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começo por lá. Mas, além dele, nem o meu chefe fazia questão de
                estar perto de mim quando não precisava.
                     Os meses foram se arrastando e eu contava os dias como um

                prisioneiro  em  sua  cela.  Eu  sentia  uma  tristeza  profunda  quando
                ouvia  a  música  do  Fantástico  no  domingo  à  noite  e  celebrava  de
                forma um tanto exagerada cada sexta-feira que chegava. Vendo que
                a  situação  não  mudava,  fiz  o  básico  que  muita  gente  faz:  fui  em
                busca  de  uma  compensação  financeira  que  amenizasse  tamanho
                sofrimento que esta empresa tinha me incutido. Liguei pro chefão:
                     -  Chefe,  tudo  bem?  É  o  Rodrigo  Maruxo.  Lembra  de  mim?  -
                perguntei em tom irônico

                     - Oi, Rodrigo! O que precisa?
                     - Então... sinto que tenho trabalhado ultimamente muito acima da
                maioria das pessoas na minha função, aí no escritório. Além disso,
                eu  tenho  me submetido  a tarefas emocionalmente  desgastantes  e
                extremamente braçais. Acredito que o mínimo que nossa empresa

                possa  fazer,  pra  ajustarmos  essa  situação  desequilibrada,  seria
                sentarmos pra revermos juntos a minha remuneração. O que acha?
                     O cara respirou fundo. Fez uma pausa longa. Acho que contou
                até mil. Disse algo assim:
                     -  Rodrigo,  é  o  seguinte:  você  não  vai  ter  qualquer  tipo  de
                aumento. Você é funcionário desta empresa e segue ordens. Faça o
                que te mandei e faça direito! Se não gostar, já sabe: passe no RH!

                     De novo engoli seco, agradeci e desliguei. Não teria aumento?
                Ok,  então  eu  buscaria  outro  emprego.  Ah,  com  certeza  eu
                encontraria um lugar que me valorizasse e eu fosse feliz! Mas a vida
                é engraçada... por mais que eu mandasse currículos, não acontecia
                nenhuma  entrevista.  E  nas  raras  vezes  em  que  existia  algum
                interesse inicial, não virava nada pois eu estava “super qualificado”

                para a vaga e minha pedida salarial era surreal para os padrões do
                potencial contratante. Que ironia! Aquilo que já tinha conquistado e
                de que tanto me gabava, me atrapalhava agora para encontrar outro
                emprego  rapidamente.  Eu  tinha  realmente  algo  a  aprender  ali
                naquele  lugar  e  parece  que  não  conseguiria  sair  até  que  a  lição
                fosse assimilada...
                     Percebi  que  a  minha  insatisfação  no  trabalho  começou  a

                contaminar  a  minha  alegria  de  viver.  Como  não  estava  bem  ali,
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