Page 98 - A Magia da Excelencia - Rodrigo Maruxo
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A Disney é intencional na escolha de seus profissionais, pois
entende que trazendo as pessoas certas do ponto de vista
comportamental, compatíveis com a essência da empresa, a magia
e a excelência acontecerão de forma muito mais natural, com
máxima produtividade. Dessa forma, a empresa trabalha de maneira
distinta da maior parte das empresas, principalmente no Brasil. Na
maior parte das empresas que conheço, é natural contratarem os
profissionais priorizando sua técnica: um currículo expressivo,
diplomas, idiomas que domina, experiências prévias... e na
entrevista procura-se validar tudo isso que está no papel (que aceita
tudo). Até se observa, mas com menor profundidade, as questões
comportamentais do candidato. No final, acontece o mesmo em
quase todas as famílias: contratamos pessoas pela técnica e
acabamos demitindo depois pelo seu comportamento. Muitas
vezes, aquele brilhante profissional de currículo estrelado
simplesmente não se encaixa no nosso jeitão de ser. Os valores
colidem frontalmente, a visão destoa e a missão do indivíduo é
colocada acima da missão do negócio, causando inúmeros
problemas internos. Geralmente, este profissional acaba precisando
sair (ou ser saído) antes que a situação se torne incontrolável, com
frustração para ambos os lados. A Disney inverte este processo: ela
geralmente contrata as pessoas pelo comportamento e ensina a
técnica! Dessa forma, faz sentido aplicar entrevistas
comportamentais [31] na seleção além das tradicionais entrevistas
técnicas (inclusive com o uso de sistemas de avaliação de perfil
comportamental [32] ) e, assim, a Disney garante que irá contar com
pessoas com as atitudes adequadas para as funções a
desempenhar, o que garantirá processos executados com uma
maior boa-vontade e satisfação mútuas, tudo dentro de uma
compatibilidade incrível com os pilares da sua cultura empresarial.
Mesmo que a pessoa não seja tecnicamente excepcional para a
função, isso poderá ser aprimorado em treinamentos e aplicação
correta dos processos, mas o comportamento adequado praquilo já
está garantido de saída.
Em uma deliciosa conversa com Michael Colglazier, então
Diretor de Parques da Ásia na unidade Disney Parks and Resorts,
ele nos contou como montou o time de colaboradores locais que