Page 11 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Preciso falar com você imediatamente. Por favor, me ligue hoje de manhã assim que puder no
telefone 202 329-5746.
Peter
Langdon discou o número na mesma hora, sentando-se diante da escrivaninha de carvalho
esculpida à mão para esperar a ligação se completar.
— Escritório de Peter Solomon — atendeu a já conhecida voz do assistente. — Anthony falando.
Em que posso ajudar?
— Alô, aqui é Robert Langdon. O senhor me deixou um recado mais cedo...
— Sim, professor Langdon! — O rapaz pareceu aliviado. — Obrigado por retornar a ligação tão
depressa. O Sr. Solomon está ansioso para falar com o senhor. Deixe-me avisar a ele que está na linha.
Pode aguardar um momento?
— Claro.
Enquanto Langdon esperava Solomon atender, baixou os olhos para o nome de Peter no
cabeçalho do papel timbrado do Smithsonian e teve de sorrir. O clã dos Solomon não inclui muitos
preguiçosos. A árvore genealógica de Peter estava coalhada de magnatas dos negócios, políticos
influentes e cientistas consagrados, alguns dos quais haviam chegado a integrar a Real Sociedade de
Londres. O único membro vivo da família de Solomon, sua irmã caçula Katherine, aparentemente
herdara o gene da ciência, pois agora era uma das figuras mais importantes de uma disciplina recente e
inovadora chamada ciência noética.
Tudo isso é grego para mim, pensou Langdon, achando graça ao recordar a malsucedida
tentativa de Katherine de lhe explicar a ciência noética em uma
festa na casa do irmão no ano anterior. Langdon havia escutado com atenção e então respondido:
— Parece mais magia do que ciência.
Katherine piscara o olho, brincalhona.
— As duas são mais próximas do que você pensa, Robert.
Então o assistente de Solomon voltou ao telefone.
— Sinto muito, o Sr. Solomon está tentando organizar uma teleconferêncja. As coisas por aqui
estão um pouco caóticas esta manhã.
— Não tem problema. Eu posso ligar depois.
— Na verdade, ele me pediu que lhe comunicasse o motivo da ligação, se o senhor não se
importar.
— É claro que não me importo.
O assistente respirou fundo.
— Como o senhor já deve saber, professor, todos os anos aqui em Washington o conselho do
Smithsonian organiza um evento de gala para agradecer aos nossos mais generosos patrocinadores.
Boa parte da elite cultural do país comparece.
Langdon sabia que sua conta bancária tinha uma quantidade de zeros pequena demais para
incluí-lo na elite cultural, mas ficou imaginando se Solomon iria convidá-lo mesmo assim.
— Este ano, como de costume — prosseguiu o assistente —, o jantar vai ser precedido por um
discurso de abertura. Tivemos a sorte de conseguir o Salão Nacional das Estátuas do Capitólio para
esse evento.
O melhor salão de toda a capital, pensou Langdon, recordando uma palestra política que
assistira certa vez no impressionante salão circular. Era difícil esquecer 500 cadeiras dobráveis
dispostas em um arco perfeito, cercadas por 38 estátuas em tamanho natural, em um lugar onde
outrora havia funcionado a primeira Câmara dos Representantes da nação.
— O problema é o seguinte — disse o assistente. — Nosso orador adoeceu e acabou de nos
informar que não vai poder fazer o discurso. — Ele fez uma pausa, constrangido. — Isso significa que
estamos desesperados atrás de um substituto. E o Sr. Solomon esperava que o senhor pudesse
considerar a possibilidade de cumprir essa função.
Langdon ficou surpreso.
— Eu? — Aquilo não era absolutamente o que ele imaginava. — Tenho certeza de que Peter
pode encontrar um substituto muito melhor.
— O senhor é a primeira escolha do Sr. Solomon, professor, e está sendo excessivamente
modesto. Os convidados do instituto ficariam encantados em ouvi-lo, e o Sr. Solomon pensou que o
senhor poderia dar a mesma palestra que fez no canal de TV Bookspan há alguns anos, o que acha?
Assim, não precisaria preparar nada. Ele disse que o tema era o simbolismo na arquitetura da nossa
capital... Parece perfeito para a ocasião.
Langdon não tinha tanta certeza.