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—  Se  bem  me  lembro, essa  palestra tinha  mais  a  ver  com  a  história maçônica  do  prédio  do
          que...
                 — Exato! Como o senhor sabe, o Sr. Solomon é maçom, assim como muitos dos homens de
          negócios que estarão presentes. Tenho certeza de que eles adorariam ouvi-lo falar sobre esse assunto.
                 Reconheço que seria fácil. Langdon guardava as anotações de todas as palestras que fazia.
                 — Acho que eu poderia pensar no assunto. Qual é a data do evento?
                 O assistente pigarreou, soando subitamente pouco à vontade.
                 — Bem, na verdade o evento é hoje à noite, professor.
                 Langdon deu uma sonora risada.
                 — Hoje à noite?
                 —  É  por  isso  que  está  um  caos  aqui  esta  manhã.  O  Smithsonian  está  em  uma  situação
          profundamente embaraçosa... — O assistente começou a falar mais depressa. — O Sr. Solomon está
          disposto a mandar um jatinho particular buscá-lo em Boston. O voo dura apenas uma hora, e o senhor
          estaria  de  volta  à  sua  casa  antes  da  meia-noite.  Conhece  o  terminal  aéreo  particular  do  Aeroporto
          Logan, em Boston?
                 — Conheço — admitiu Langdon com relutância. Não é de espantar que Peter sempre consiga o
          que quer.
                 — Maravilha! O senhor poderia encontrar o jatinho lá, digamos... às cinco horas?
                 — O senhor não me deixa muita escolha, não é? — disse Langdon com uma risadinha.
                 — Eu só quero agradar ao Sr. Solomon, professor.
                 Peter tem esse efeito nas pessoas. Langdon pensou no assunto por alguns instantes, sem ver
          nenhuma saída.
                 — Tudo bem. Diga a ele que eu topo.
                 — Incrível! — exclamou o assistente, parecendo profundamente aliviado. Então, deu a Langdon
          o número da aeronave e várias outras informações.
                 Quando Langdon finalmente desligou, pensou se Peter Solomon algum dia havia escutado um
          não.
                 Voltando a preparar seu café, Langdon pôs mais alguns grãos dentro do moedor. Um pouco de
          cafeína extra hoje de manhã, pensou. O dia vai ser longo.


          CAPÍTULO 4

                 O  prédio  do  Capitólio  dos  Estados  Unidos  se  ergue,  imponente,  na  extremidade  leste  da
          esplanada conhecida como National Mall, sobre uma colina que o arquiteto da cidade, Pierre L’Enfant,
          descreveu como “um pedestal à espera de um monumento”. O Capitólio tem descomunais 230 metros
          de  comprimento  por  107  de  largura.  Com  quase  6,5  hectares  de  área,  abriga  a  impressionante
          quantidade de 541 aposentos. A arquitetura neoclássica foi meticulosamente projetada para reproduzir
          a  grandiosidade  da  Roma  antiga,  cujos  ideais  serviram  de  inspiração  aos  fundadores  dos  Estados
          Unidos para estabelecer as leis e a cultura da nova república.
                 O novo posto de controle de segurança para os turistas que chegam ao prédio fica bem no fundo
          do recém-concluído centro de visitantes subterrâneo, debaixo de uma magnífica claraboia de vidro que
          emoldura a cúpula do Capitólio. O agente de segurança Alfonso Nuñez, contratado havia pouco tempo,
          estudou cuidadosamente o visitante que se aproximava de seu posto de controle, O homem tinha a
          cabeça raspada e passara alguns minutos no saguão terminando de falar ao telefone antes de entrar no
          prédio. Seu braço direito estava preso em uma tipoia e ele mancava um pouco. Vestia um casaco militar
          surrado  que,  somado  à  cabeça  raspada,  fez  Nuñez  supor  que  pertencia  às  forças  armadas.  Os
          membros das forças armadas norte-americanas estavam entre os visitantes mais frequentes da capital.
                 —  Boa  noite,  senhor  —  disse  Nuñez,  respeitando  o  protocolo  de  segurança  que  mandava
          abordar verbalmente qualquer homem que entrasse sozinho.
                 — Olá — disse o visitante, olhando em volta para a entrada quase deserta. — Noite tranquila.
                 —  Hoje  é  dia  de  play-off  da  NFC  —  respondeu  Nuñez,  referindo-se  a  uma  partida  da  fase
          decisiva e eliminatória do campeonato de futebol americano. — Está todo mundo vendo os Redskins
          jogar. — Nuñez também queria estar fazendo isso, mas aquele era seu primeiro mês no emprego e ele
          havia perdido no palitinho. — Objetos metálicos na bandeja, por favor.
                 Enquanto o visitante se esforçava para esvaziar os bolsos do casaco comprido usando apenas
          uma  das mãos,  Nuñez  o  observou  com  atenção.  O  instinto  humano fazia  concessões  especiais  aos
          feridos e deficientes, mas esse era um instinto que Nuñez havia sido treinado para superar.
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