Page 15 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 15

— Aquilo que seu irmão acredita que está escondido na capital...?
                 — Sim.
                 — Pode ser encontrado.
                 Katherine Solomon soou espantada.
                 — Está me dizendo que... é real? Mal’akh sorriu.
                 — Às vezes uma lenda que dura muitos séculos... tem um motivo para durar.

          CAPÍTULO 6

                 — Não pode chegar mais perto?—Robert Langdon sentiu uma súbita onda de ansiedade quando
          o motorista parou na Rua 1, a uns bons 400 metros do prédio do Capitólio.
                 —  Infelizmente  não  —  respondeu  o  motorista.  —  Segurança  nacional.  Hoje  em  dia  nenhum
          veículo pode se aproximar dos prédios importantes. Sinto muito, senhor.
                 Langdon verificou o relógio, surpreso ao ver que já eram 18h50. Uma área em obras em torno do
          National Mall os atrasara, e sua palestra começaria dali a 10 minutos.
                 — O tempo está virando — disse o motorista, saltando do carro e abrindo a porta do passageiro.
          — É melhor o senhor se apressar. — Langdon fez menção de pegar a carteira, mas o homem o deteve
          com um gesto. — O seu anfitrião já me deu uma generosa gorjeta além da tarifa.
                 Típico de Peter, pensou Langdon, recolhendo suas coisas.
                 — Está bem, obrigado por me trazer.
                 As  primeiras  poucas gotas  de  chuva  começaram  a  cair quando  Langdon  pisou  na  esplanada
          central graciosamente curva que descia para a entrada subterrânea de visitantes.
                 O Centro de Visitantes do Capitólio tinha sido um projeto caro e controverso. Descrito como uma
          cidade subterrânea comparável a partes da Disney World, ele supostamente disponibilizava mais de 46
          mil metros quadrados de espaço para exposições, restaurantes e salões de conferência.
                 Langdon  estava  curioso  para  conhecê-lo,  embora  não  tivesse  previsto  uma  caminhada  tão
          longa. O céu ameaçava desabar a qualquer momento. Ele apressou o passo para uma corrida leve,
          mas seus sapatos sociais patinhavam no cimento molhado. Eu me vesti para dar uma palestra, não
          para uma corrida de 400 metros ladeira abaixo na chuva!
                 Quando chegou ao final da esplanada, estava sem ar e ofegante. Empurrou a porta giratória e
          parou  por  alguns  instantes  no  saguão  para  recuperar  o  fôlego  e  secar  as  roupas  com  as  mãos.
          Enquanto fazia isso, ergueu os olhos para o espaço recém-concluído à sua volta.
                 Confesso que estou impressionado.
                 O Centro de Visitantes do Capitólio não se parecia em nada com o que ele esperava. Como era
          subterrâneo, Langdon estava apreensivo antes de entrar ali. Um acidente na infância o havia deixado
          preso  durante  uma  noite  inteira  dentro  de  um  poço  fundo,  o  que  lhe  causara  uma  aversão  quase
          incapacitante a espaços fechados. Mas, apesar de estar debaixo da terra, aquele lugar era de alguma
          forma... arejado. Leve. Amplo.
                 O  teto  era  uma  vasta  superfície  de  vidro  com  uma  série  de  impressionantes  luminárias  que
          lançavam um brilho tênue sobre os acabamentos interiores em tom de pérola.
                 Normalmente, Langdon teria se demorado ali uma hora inteira para admirar a arquitetura, mas,
          com cinco minutos faltando para o início da palestra, abaixou a cabeça e percorreu apressado o saguão
          principal  em  direção  ao  posto  de  controle  de  segurança  e  às  escadas  rolantes.  Relaxe,  disse  a  si
          mesmo. Peter sabe que você está a caminho. O evento não vai começar sem você.
                 No  posto  de  controle,  um  jovem  guarda  hispânico  conversou  com  Langdon  enquanto  ele
          esvaziava os bolsos e retirava do pulso o relógio antigo.
                 — Mickey Mouse? — indagou o guarda, parecendo achar um pouco de graça.
                 Langdon  assentiu,  acostumado  com  aquele  tipo  de  comentário.  A  edição  de  colecionador  do
          relógio do Mickey tinha sido presente dos pais em seu aniversário de 9 anos.
                 — Uso este relógio para me lembrar de ter calma e levar a vida menos a sério.
                 — Acho que não está dando certo — comentou o guarda com um sorriso. — O senhor parece
          muito apressado.
                 Langdon sorriu e pôs a bolsa de viagem na esteira de raios X.
                 — Para que lado fica o Salão das Estátuas?
                 O guarda fez um gesto em direção às escadas rolantes.
                 — O senhor vai ver as placas.
                 — Obrigado. — Langdon pegou a bolsa da esteira e se afastou depressa.
                 Enquanto a escada rolante subia, ele respirou fundo e tentou organizar os pensamentos. Olhou
          para  cima,  através  do  teto  de  vidro  salpicado  de  chuva,  para  a  cúpula  iluminada  do  Capitólio,  cujo
   10   11   12   13   14   15   16   17   18   19   20