Page 14 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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Metropolitan de Nova York... juntos. No entanto, apesar da magnífica coleção, poucos cidadãos comuns
têm acesso a suas instalações superprotegidas.
Situado no número 4.210 da Silver Hill Road, logo depois dos limites da cidade de Washington, o
museu é um imenso edifício em zigue-zague, constituído por cinco blocos interligados — cada um deles
maior do que um campo de futebol. O exterior de metal azulado do complexo não dá nenhuma pista da
estranheza que existe lá dentro — um mundo alienígena de quase 56 mil metros quadrados do qual
fazem parte uma “zona morta”, um “galpão molhado” e quase 20 quilômetros de armários.
Naquela noite, a cientista Katherine Solomon estava um pouco nervosa ao conduzir seu Volvo
branco até o portão de segurança principal do complexo.
O guarda sorriu.
— Não gosta de futebol americano, Sra. Solomon? — Ele abaixou o volume da TV portátil que
transmitia o show que precedia o play-off dos Redskins.
Katherine forçou um sorriso tenso.
— Hoje é domingo à noite.
— Ah, é mesmo. A sua reunião.
— Ele já chegou? — perguntou ela, ansiosa.
O guarda baixou os olhos para alguns papéis.
— Não estou vendo o nome dele no registro.
— Eu cheguei cedo. — Katherine deu um aceno simpático e continuou subindo o sinuoso
acesso até sua vaga no fundo do pequeno estacionamento em dois níveis. Começou a recolher seus
pertences e usou o retrovisor para dar uma rápida conferida no visual, mais por força do hábito do que
por vaidade.
Katherine Solomon tinha sido abençoada com a pele mediterrânea resistente de seus ancestrais
e, mesmo aos 50 anos, sua tez continuava lisa e morena. Ela estava quase sem maquiagem e usava os
grossos cabelos pretos soltos e ao natural. Assim como Peter, seu irmão mais velho, tinha olhos
acinzentados e uma elegância esguia, aristocrática.
Vocês poderiam muito bem ser gêmeos, as pessoas sempre lhes diziam.
O pai deles havia sucumbido a um câncer quando Katherine tinha apenas 7 anos, e ela quase
não se lembrava dele. Na ocasião, o irmão, com apenas 15 anos, oito a mais do que ela, teve que
iniciar sua jornada para se tornar o patriarca dos Solomon, muito antes do que qualquer pessoa jamais
havia sonhado. Como era de esperar, porém, Peter se adaptara ao papel com dignidade e força à altura
do nome da família. Até hoje, cuidava de Katherine como se os dois ainda fossem crianças.
Apesar dos empurrõezinhos ocasionais do irmão e de não lhe faltarem pretendentes, Katherine
nunca havia se casado. A ciência se tornara sua parceira de vida, e seu trabalho se revelara mais
recompensador e estimulante para ela do que qualquer homem jamais poderia desejar ser. Katherine
não se arrependia de nada. A disciplina que ela havia escolhido — ciência noética — era praticamente
desconhecida quando Katherine ouvira falar nela na primeira vez, mas nos últimos anos tinha
começado a abrir novas portas para a compreensão do poder da mente humana.
O nosso potencial desconhecido é realmente impressionante.
Os dois livros de Katherine sobre noética a haviam firmado como líder nessa disciplina obscura,
mas as suas mais recentes descobertas, quando publicadas, prometiam transformar a ciência noética
em assunto de conversas mundo afora.
Naquela noite, no entanto, ela estava pensando em tudo menos em ciência. Mais cedo, tinha
recebido informações preocupantes sobre o irmão. Ainda não consigo acreditar que seja verdade. Não
havia pensado em mais nada a tarde inteira.
Com uma chuva fina tamborilando em seu para-brisa, Katherine juntou rapidamente suas coisas
para entrar. Estava prestes a descer do carro quando seu celular tocou.
Ela viu o nome de quem estava ligando e respirou fundo. Então ajeitou os cabelos atrás das
orelhas e se acomodou para atender.
A uns 10 quilômetros dali, Mal’akh percorria os corredores do prédio do Capitólio com um celular
colado à orelha. Esperou pacientemente enquanto o telefone tocava do outro lado.
Por fim, uma voz de mulher atendeu.
— Sim?
— Precisamos nos encontrar de novo — disse Mal’akh.
Houve uma longa pausa.
— Está tudo bem?
— Tenho novas informações — disse Mal’akh.
— Pode falar.
Mal’akh respirou fundo.