Page 13 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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O guarda esperou o visitante tirar do bolso a coleção habitual de moedas e chaves, além de dois
telefones celulares.
— Torção? — perguntou Nuñez olhando para a mão ferida do homem, que parecia envolta em
várias ataduras elásticas grossas.
O homem careca assentiu.
— Escorreguei no gelo. Faz uma semana. Ainda está doendo à beça.
— Sinto muito. Pode passar, por favor.
Mancando, o visitante atravessou o detector de metais, ao que a máquina protestou com um
apito.
O visitante franziu o cenho.
— Estava com medo que isso acontecesse. Estou usando um anel debaixo das ataduras. Meu
dedo estava inchado demais para tirar, então os médicos enfaixaram o braço por cima.
— Sem problemas — disse Nuñez. — Vou usar o detector manual.
Ele passou o detector manual por cima da mão enfaixada do visitante. Como era previsto, o
único metal que o aparelho localizou foi uma grande protuberância no dedo anular machucado do
homem. O guarda não se apressou ao esfregar o detector por cada centímetro da tipoia e do dedo do
homem. Sabia que o seu supervisor provavelmente o estava monitorando pelo circuito fechado na
central de segurança do prédio, e Nuñez precisava daquele emprego. Seguro morreu de velho. Com
cautela, ele inseriu o detector dentro da tipoia do homem.
O visitante fez uma careta de dor.
— Desculpe.
— Tudo bem — disse o homem. — Hoje em dia todo o cuidado é pouco.
— Não é? — Nuñez estava gostando daquele cara. Estranhamente, isso contava muito ali. O
instinto humano era a primeira linha defensiva dos Estados Unidos contra o terrorismo. Estava provado
que a intuição humana detectava o perigo com mais eficácia do que todos os equipamentos eletrônicos
do mundo — o dom do medo, como dizia um de seus livros-texto sobre segurança.
Naquele caso, os instintos de Nuñez não percebiam nada que lhe causasse medo. A única coisa
estranha que ele percebeu, agora que os dois estavam muito próximos, era que aquele cara com pinta
de durão parecia ter aplicado no rosto algum tipo de autobronzeador ou corretivo. Cada louco com a
sua mania. Todo mundo detesta ficar branco no inverno.
— Liberado — disse Nuñez, concluindo a verificação e guardando o detector.
— Obrigado. — O homem começou a recolher seus pertences da bandeja.
Enquanto ele fazia isso, Nuñez reparou que os dois dedos que emergiam das ataduras exibiam
cada qual uma tatuagem: a ponta do indicador tinha a imagem de uma coroa e a do polegar, a de uma
estrela. Parece que todo mundo tem tatuagem hoje em dia, pensou Nuñez, embora a ponta do dedo
parecesse um lugar dolorido para se tatuar.
— Doeu fazer essas tatuagens?
O homem baixou os olhos para as pontas dos próprios dedos e deu uma risadinha.
— Menos do que o senhor imagina.
— Que sorte — comentou Nuñez. — A minha doeu para caramba. Fiz uma sereia nas costas
quando estava no campo de treinamento.
— Uma sereia? — O careca sorriu.
— É — respondeu o guarda, sentindo-se acanhado. — Erros da juventude.
— Sei como é — disse o careca. — Eu também cometi uma grande tolice na juventude. Agora
acordo com ela todo dia de manhã.
Ambos riram enquanto o homem se afastava.
Brincadeira de criança, pensou Mal’akh enquanto passava por Nuñez e subia a escada rolante
em direção ao prédio do Capitólio. Entrar tinha sido mais fácil do que ele previra. A postura corcunda e
a falsa barriga acolchoada haviam ocultado a verdadeira forma física de Mal’akh, enquanto a
maquiagem no rosto e nas mãos escondera as tatuagens que lhe cobriam o corpo. O golpe de mestre,
porém, tinha sido a tipoia, que disfarçava o poderoso objeto que Mal’akh estava levando para dentro do
prédio.
Um presente para o único homem do mundo capaz de me ajudar a obter o que procuro.
CAPÍTULO 5
O maior e tecnologicamente mais avançado museu do mundo é também um dos segredos mais
bem guardados da face da Terra. Ele abriga mais peças do que o Hermitage, o Museu do Vaticano e o