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Todo  cientista  deveria  fazer  isso,  pensou  Langdon.  A  Ordem  Rosa-cruz  —  ou,  em  sua
          denominação mais formal, a Antiga e Mística Ordem Rosae Crucis — teve uma história enigmática que
          muito  influenciou  a  ciência  e  possui fortes  semelhanças  com  a  lenda dos  Antigos  Mistérios... sábios
          primitivos que detinham um conhecimento secreto transmitido ao longo das eras... um conhecimento só
          estudado pelas mentes mais brilhantes. Supostamente, a lista de rosa-cruzes famosos é um verdadeiro
          almanaque de renascentistas europeus ilustres: Paracelso, Bacon, Fludd, Descartes, Pascal, Spinoza,
          Newton, Leibniz.
                 Segundo a doutrina rosa-cruzista, a ordem era “baseada em verdades esotéricas do passado
          antigo” que precisavam ser “escondidas do homem comum” e que prometiam grandes revelações sobre
          “o reino espiritual”. Com o passar dos anos, o símbolo da irmandade se transformou em uma rosa sobre
          uma cruz ornamentada, mas sua forma inicial era modesta: um círculo contendo um ponto sobre uma
          cruz nua. A mais simples representação da rosa sobre a mais simples representação da cruz.
                 —  Peter  e  eu  conversamos  muitas  vezes  sobre  a  filosofia  rosa-cruzista  —  disse  Galloway  a
          Katherine.
                 Enquanto o decano começava a destacar a relação entre os maçons e os rosa-cruzes, Langdon
          sentiu sua atenção voltar a ser atraída para o mesmo pensamento insistente que vinha tendo a noite
          inteira. Jeova Sanctus Unus. Essa expressão está de alguma forma ligada à alquimia. Ele ainda não
          conseguia lembrar exatamente o que Peter lhe dissera sobre a expressão, mas, por algum motivo, a
          menção à Ordem Rosa-cruz parecia ter reavivado a lembrança. Pense, Robert!
                 —  O  fundador  da  ordem  —  ia  dizendo  Galloway  —  foi  supostamente  um  místico  alemão
          chamado Christian Rosenkreuz. Obviamente um pseudônimo, talvez até de Francis Bacon, que alguns
          historiadores acreditam ser o verdadeiro fundador do grupo, embora não haja provas de...
                 — Um pseudônimo! — gritou Langdon de repente, espantando até a si mesmo. — É isso! Jeova
          Sanctus Unos! É um pseudônimo!
                 — Que história é essa? — quis saber Katherine.
                 A pulsação de Langdon estava acelerada.
                 — Eu passei a noite inteira tentando lembrar o que Peter me disse sobre a expressão
                     Jeova Sanctus Unos e sua relação com a alquimia. Finalmente consegui. Não tem a ver com a
          alquimia propriamente dita, mas sim com um alquimista! Um alquimista muito famoso!
                 Galloway deu uma risadinha.
                 — Já não era sem tempo, professor. Eu mencionei o nome dele duas vezes e também a palavra
          pseudônimo.
                 Langdon encarou o velho decano.
                 — O senhor sabia?
                 — Bem, eu tive lá minhas suspeitas quando o senhor falou que a inscrição dizia Jeova Sanctus
          Unus  e  tinha  sido  decodificada  usando  o  alquímico  quadrado  mágico  de  Dürer,  mas,  com  o
          aparecimento  da  rosa-cruz,  tive  certeza.  Como  o  senhor  deve  saber,  os  documentos  pessoais  do
          cientista em questão incluíam um exemplar repleto de anotações dos manifestos rosa-cruzistas.
                 — Quem é ele? — perguntou Katherine.
                 — Um dos maiores cientistas do mundo! — respondeu Langdon. — Era alquimista, membro da
          Real  Sociedade  de  Londres  e  da  Ordem  Rosa-cruz.  E  ele  assinou  alguns  de  seus  documentos
          científicos mais secretos com o pseudônimo Jeova Sanctus Unus!
                 — Único Deus Verdadeiro? — disse Katherine. — Que sujeito modesto.
                 — Na verdade, um sujeito brilhante — corrigiu Galloway. — Ele assinava o nome assim porque,
          como os antigos adeptos, considerava a si mesmo divino. Além do mais, as 16 letras de Jeova Sanctus
          Unus  podiam  ser  reorganizadas  para  soletrar  seu  nome  em  latim,  o  que  tornava  esse  pseudônimo
          perfeito.
                 Katherine agora parecia intrigada.
                 — Jeova Sanctus Unus é um anagrama do nome em latim de um alquimista famoso?
                 Langdon pegou uma folha de papel e um lápis na mesa do decano e foi escrevendo à medida
          que falava.
                 — Em latim, as letras J e I são intercambiáveis, assim como o V e o U, o que significa que Jeova
          Sanctus Unus pode ser perfeitamente reorganizado para soletrar o nome desse homem.
                 Langdon escreveu 16 letras: Isaacus Neutonuus.
                 Então, entregou o pedaço de papel a Katherine e disse:
                 — Talvez você já tenha ouvido falar nele.
                 —  Isaac  Newton?  —  perguntou  Katherine,  olhando  para  o  papel.  —  Então  era  isso  que  a
          inscrição na pirâmide estava tentando nos dizer!
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