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Ela  ainda  precisava  compartilhar  com  Langdon  a  revelação  que  tivera,  aparentemente
          provocada  pela  referência  a  Isaacus  Neutonuus.  Tudo  o  que  conseguira  dizer  enquanto  os  dois
          cruzavam o gramado era que a pirâmide poderia ser transformada usando ciência básica.
                 Katherine  achava  que  encontraria  todos  os  apetrechos  de  que  precisava  ali  mesmo,  naquele
          prédio. Langdon não fazia ideia do que seria necessário ou de como a cientista pretendia transformar
          um pedaço maciço de granito ou de ouro. Contudo, levando em conta que acabara de testemunhar a
          metamorfose de um cubo no símbolo dos rosa-cruzes, ele estava disposto a ter fé.
                 Os dois chegaram ao final do corredor e Katherine franziu as sobrancelhas, parecendo não ver o
          que desejava.
                 — Você disse que este prédio tem alojamentos?
                 — Sim, para conferencistas convidados.
                 — Então deve haver uma cozinha em algum lugar, certo?
                 — Você está com fome?
                 Ela tornou a franzir as sobrancelhas, desta vez para ele.
                 — Não, eu preciso de um laboratório.
                 É  claro  que  precisa.  Langdon  viu  um  símbolo  promissor  perto  de  uma  escada.  O  pictograma
          preferido dos Estados Unidos.

          FIGURA DO PICTOGRAMA: UM GARFO E UMA FACA

                 A cozinha no subsolo tinha aparência industrial — muito aço inox e tigelas enormes — e fora
          claramente  projetada  para  servir  grupos  grandes.  Não  havia  janelas.  Katherine  fechou  a  porta  e
          acendeu as luzes. Os exaustores se ligaram automaticamente.
                     Ela começou a vasculhar os armários em busca do que quer que estivesse precisando.
                 — Robert — pediu —, ponha a pirâmide em cima da bancada, por favor.
                 Sentindo-se como um subchefe novato recebendo ordens de Daniel Boulud, Langdon fez o que
          ela  mandava:  tirou  a  pirâmide  da  bolsa  e  posicionou  o  cume  de  ouro  por  cima.  Quando  terminou,
          Katherine estava ocupava enchendo uma imensa panela com água da torneira.
                 — Pode levar isto aqui até o fogão para mim, por favor?
                 Langdon ergueu a panela cheia d’água e a pôs em cima do fogão enquanto Katherine acendia a
          boca e aumentava a chama.
                 — Vamos cozinhar lagostas? — perguntou ele, esperançoso.
                 —  Muito  engraçado.  Não,  vamos  praticar  alquimia.  E,  para  seu  governo,  essa  panela  é  de
          massa, não de lagosta. — Ela apontou para o escorredor que havia retirado da panela e pousado sobre
          a bancada ao lado da pirâmide.
                 — E fazer macarrão vai nos ajudar a decifrar a pirâmide?
                 Katherine ignorou o comentário, assumindo um tom sério.
                 —  Como  tenho  certeza  de  que  você  sabe,  existe  um  motivo  histórico  e  simbólico  para  os
          maçons terem escolhido o grau 33 como o mais elevado da irmandade.
                 — Claro — respondeu Langdon. Na época de Pitágoras, seis séculos antes de Cristo, a tradição
          da numerologia alardeava o 33 como o mais elevado de todos os Números Mestres. Ele era o mais
          sagrado,  o  que  simbolizava  a  Verdade  Divina.  A  tradição  perdurou  entre  os  maçons...  e  em  outras
          instituições. Não é à toa que os ensinamentos cristãos dizem que Jesus foi crucificado aos 33 anos,
          apesar  de  não  haver  nenhum  indício  histórico  disso.  Tampouco  é  coincidência  o  fato  de  José
          supostamente ter 33 anos ao se casar com a Virgem Maria, ou de Jesus ter operado 33 milagres, ou de
          o nome de Deus ter sido mencionado 33 vezes no Gênesis. Em outras religiões, o número também
          aparece. No islamismo, todos os habitantes do paraíso têm eternamente 33 anos.
                 — Trinta e três — disse Katherine — é um número sagrado em muitas tradições místicas.
                 — Correto. — Langdon ainda não entendia o que isso tinha a ver com a panela de macarrão.
                 —  Então  você  não  deveria  ficar  surpreso  que  um  precursor  da  alquimia,  membro  da  Ordem
          Rosa-cruz e místico como Isaac Newton considerasse o número 33 especial.
                 —  Não  tenho  duvidas  de  que  ele  considerava  mesmo  —  retrucou  Langdon.  —  Newton  se
          interessava muito por numerologia, profecia e astrologia, mas o que isso...
                     — Tudo é revelado no grau 33.
                 Langdon tirou o anel de Peter do bolso e leu a inscrição. Então tornou a olhar para a panela
          d’água.
                 — Desculpe, não estou entendendo.
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