Page 174 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 174
Ela ainda precisava compartilhar com Langdon a revelação que tivera, aparentemente
provocada pela referência a Isaacus Neutonuus. Tudo o que conseguira dizer enquanto os dois
cruzavam o gramado era que a pirâmide poderia ser transformada usando ciência básica.
Katherine achava que encontraria todos os apetrechos de que precisava ali mesmo, naquele
prédio. Langdon não fazia ideia do que seria necessário ou de como a cientista pretendia transformar
um pedaço maciço de granito ou de ouro. Contudo, levando em conta que acabara de testemunhar a
metamorfose de um cubo no símbolo dos rosa-cruzes, ele estava disposto a ter fé.
Os dois chegaram ao final do corredor e Katherine franziu as sobrancelhas, parecendo não ver o
que desejava.
— Você disse que este prédio tem alojamentos?
— Sim, para conferencistas convidados.
— Então deve haver uma cozinha em algum lugar, certo?
— Você está com fome?
Ela tornou a franzir as sobrancelhas, desta vez para ele.
— Não, eu preciso de um laboratório.
É claro que precisa. Langdon viu um símbolo promissor perto de uma escada. O pictograma
preferido dos Estados Unidos.
FIGURA DO PICTOGRAMA: UM GARFO E UMA FACA
A cozinha no subsolo tinha aparência industrial — muito aço inox e tigelas enormes — e fora
claramente projetada para servir grupos grandes. Não havia janelas. Katherine fechou a porta e
acendeu as luzes. Os exaustores se ligaram automaticamente.
Ela começou a vasculhar os armários em busca do que quer que estivesse precisando.
— Robert — pediu —, ponha a pirâmide em cima da bancada, por favor.
Sentindo-se como um subchefe novato recebendo ordens de Daniel Boulud, Langdon fez o que
ela mandava: tirou a pirâmide da bolsa e posicionou o cume de ouro por cima. Quando terminou,
Katherine estava ocupava enchendo uma imensa panela com água da torneira.
— Pode levar isto aqui até o fogão para mim, por favor?
Langdon ergueu a panela cheia d’água e a pôs em cima do fogão enquanto Katherine acendia a
boca e aumentava a chama.
— Vamos cozinhar lagostas? — perguntou ele, esperançoso.
— Muito engraçado. Não, vamos praticar alquimia. E, para seu governo, essa panela é de
massa, não de lagosta. — Ela apontou para o escorredor que havia retirado da panela e pousado sobre
a bancada ao lado da pirâmide.
— E fazer macarrão vai nos ajudar a decifrar a pirâmide?
Katherine ignorou o comentário, assumindo um tom sério.
— Como tenho certeza de que você sabe, existe um motivo histórico e simbólico para os
maçons terem escolhido o grau 33 como o mais elevado da irmandade.
— Claro — respondeu Langdon. Na época de Pitágoras, seis séculos antes de Cristo, a tradição
da numerologia alardeava o 33 como o mais elevado de todos os Números Mestres. Ele era o mais
sagrado, o que simbolizava a Verdade Divina. A tradição perdurou entre os maçons... e em outras
instituições. Não é à toa que os ensinamentos cristãos dizem que Jesus foi crucificado aos 33 anos,
apesar de não haver nenhum indício histórico disso. Tampouco é coincidência o fato de José
supostamente ter 33 anos ao se casar com a Virgem Maria, ou de Jesus ter operado 33 milagres, ou de
o nome de Deus ter sido mencionado 33 vezes no Gênesis. Em outras religiões, o número também
aparece. No islamismo, todos os habitantes do paraíso têm eternamente 33 anos.
— Trinta e três — disse Katherine — é um número sagrado em muitas tradições místicas.
— Correto. — Langdon ainda não entendia o que isso tinha a ver com a panela de macarrão.
— Então você não deveria ficar surpreso que um precursor da alquimia, membro da Ordem
Rosa-cruz e místico como Isaac Newton considerasse o número 33 especial.
— Não tenho duvidas de que ele considerava mesmo — retrucou Langdon. — Newton se
interessava muito por numerologia, profecia e astrologia, mas o que isso...
— Tudo é revelado no grau 33.
Langdon tirou o anel de Peter do bolso e leu a inscrição. Então tornou a olhar para a panela
d’água.
— Desculpe, não estou entendendo.