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fizera por merecer todo o horror e sofrimento que estava prestes a suportar. Peter Solomon não era
quem o mundo acreditava que fosse.
Ele sacrificou o próprio filho.
Solomon certa vez apresentara ao filho uma escolha impossível — riqueza ou saber. Zachary
escolheu mal. A decisão do rapaz desencadeara uma série de acontecimentos que o conduziram às
profundezas do inferno. A prisão de Soganlik. Zachary Solomon tinha morrido naquele presídio turco. O
mundo inteiro conhecia a história... mas o que o mundo não sabia era que Peter Solomon poderia ter
salvado seu filho.
Eu estava lá, pensou Mal’akh. Eu ouvi tudo.
Mal’akh jamais se esquecera daquela noite. A decisão cruel de Solomon significou o fim de
Zach, mas também o nascimento de Mal’akh.
Alguns devem morrer para que outros possam viver.
Quando a luz acima da cabeça de Mal’akh começou a mudar novamente de cor, ele percebeu
que já era tarde. Completou seus preparativos e tornou a subir a rampa. Estava na hora de tratar de
assuntos mortais.
CAPÍTULO 87
Tudo é revelado no grau 33, pensou Katherine enquanto corria. Eu sei como transformar a
pirâmide! A resposta estava na cara deles o tempo todo.
Katherine e Langdon agora estavam sozinhos, correndo pelo anexo da catedral e seguindo as
placas para o “Jardim” Então, exatamente como o decano havia explicado, eles saíram do edifício e
adentraram um imenso pátio murado.
O jardim da catedral era um espaço pentagonal cercado por um claustro, com um chafariz de
bronze pós-moderno no centro. Katherine ficou espantada com a altura do eco que a água corrente
parecia produzir no pátio. Então percebeu que aquele barulho não era do chafariz.
— Helicóptero! — gritou ela quando um facho de luz varou o céu noturno acima deles. — Entre
debaixo daquele pórtico!
O brilho ofuscante vindo de um canhão de luz inundou o jardim na hora em que Langdon e
Katherine chegaram ao outro lado, passando sob um arco gótico rumo a um túnel que conduzia ao
gramado externo. Lá dentro, aguardaram encolhidos enquanto o helicóptero descrevia grandes círculos
em volta da catedral.
— Acho que Galloway tinha razão quando disse ter escutado visitantes — falou Katherine,
impressionada. Olhos ruins produzem ótimos ouvidos. Os dela, por sua vez, latejavam no mesmo ritmo
de sua pulsação acelerada.
— Por aqui — disse Langdon, segurando firme a bolsa de viagem e avançando pelo corredor.
O decano Galloway lhes dera uma única chave e instruções claras. Infelizmente, quando
chegaram ao final do curto túnel, eles se viram separados do seu destino por um longo gramado
descoberto, inundado naquele instante pela luz do helicóptero mais acima.
— Não dá para atravessar — disse Katherine.
— Espere... olhe ali. — Langdon apontou para uma sombra preta que começava a se
materializar à esquerda do gramado. No início era uma bolha disforme, no entanto, foi crescendo
depressa, movendo-se na direção dos dois e ganhando definição. Ela se aproximava cada vez mais
rápido deles, esticando-se até se transformar em um imenso retângulo negro, coroado por duas torres.
— A fachada da catedral está bloqueando o canhão de luz — disse Langdon.
— Eles estão pousando lá na frente!
Langdon agarrou a mão de Katherine.
— Corra! Agora!
Dentro da catedral, o decano Galloway notou no próprio passo uma leveza que não sentia há
muitos anos. Atravessou a Grande Divisória e desceu a nave em direção ao nártex e às portas da
frente.
Já conseguia ouvir o helicóptero sobrevoando a entrada da catedral e imaginou suas luzes
entrando pela rosácea à sua frente, lançando cores espetaculares por todo o santuário. Recordou os
dias em que podia ver as cores. Ironicamente, o vazio sem luz em que seu mundo se transformara
havia iluminado muitas coisas para ele. Hoje sou capaz de ver com mais clareza do que nunca.