Page 175 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
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— Robert, a princípio nós todos imaginamos que “grau 33” estivesse se referindo ao grau
maçônico, mas, quando giramos o anel em um ângulo de 33 graus, o cubo se transformou e revelou
uma cruz. Nessa hora, percebemos que a palavra grau estava sendo usada em outro sentido.
— Sim. Graus de uma circunferência.
— Exatamente. Mas grau tem também um terceiro significado.
Langdon olhou para a panela d’água em cima do fogão.
— Graus de temperatura.
— Exatamente! — exclamou ela. — A resposta estava na nossa cara a noite inteira. “Tudo é
revelado no grau 33.” Se esquentarmos a pirâmide a essa temperatura... talvez ela revele alguma coisa.
Langdon sabia que Katherine era uma cientista extremamente inteligente, mas, apesar disso, ela
parecia estar deixando escapar um detalhe bastante óbvio.
— Se não me engano, 33 graus na escala Fahrenheit, que usamos aqui nos Estados Unidos, é
quase a temperatura do congelamento. Não deveríamos colocar a pirâmide no freezer?
Katherine sorriu.
— Não se quisermos seguir a receita do grande alquimista e rosa-cruz que assinava seus
documentos como Jeova Sanctus Unus.
Isaacus Neutonuus escreveu receitas?
— Robert, a temperatura é o mais importante catalisador alquímico e nem sempre foi medida
pelas escalas Fahrenheit ou Celsius. Existem outras bem mais antigas, uma delas inventada por Isaac...
—A escala de Newton! — exclamou Langdon, percebendo que ela estava certa.
— Isso! Isaac Newton inventou todo um sistema para quantificar a temperatura inteiramente
baseado em fenômenos naturais. A temperatura de fusão do gelo foi o ponto inicial de Newton, que a
batizou de “grau zero”. — Ela fez uma pausa. — Imagino que você consiga adivinhar que grau ele
atribuiu à temperatura de ebulição da água, o rei de todos os processos alquímicos.
— Trinta e três.
— Sim, 33! O grau 33. Na escala de Newton, a temperatura de fervura da água é 33 graus.
Lembro que um dia perguntei ao meu irmão por que Newton tinha escolhido esse número. Afinal de
contas, parecia aleatório demais. A fervura da água é o mais fundamental dos processos alquímicos, e
ele escolhe 33?
Por que não 100? Por que não algo mais redondo? Peter me explicou que, para um místico
como Isaac Newton, não existia número mais elegante do que 33.
Tudo é revelado no grau 33. Langdon olhou para a panela e, em seguida, para a pirâmide.
— Katherine, a pirâmide é feita de granito e ouro maciços. Você acha que o calor da água
fervente basta para transformá-la?
O sorriso no rosto de Katherine indicava que ela sabia alguma coisa de que Langdon nem
desconfiava. Confiante, andou até a bancada, ergueu a pirâmide de granito com seu cume de ouro e
colocou-a dentro do escorredor, mergulhando-o cuidadosamente na água borbulhante.
Por que a gente não tenta descobrir?
Bem acima da Catedral Nacional, o piloto da CIA acionou o dispositivo que fazia o helicóptero
pairar automaticamente e examinou o perímetro do prédio e o terreno. Nenhum movimento. Seu
gerador de imagens térmicas não conseguia penetrar as paredes de pedra da catedral, portanto, ele
não tinha como saber o que a equipe estava fazendo lá dentro, mas, se alguém tentasse sair de fininho,
o equipamento detectaria.
Sessenta segundos depois, um dos sensores térmicos emitiu um bipe. Funcionando segundo o
mesmo princípio dos sistemas de segurança domésticos, o detector havia identificado uma forte
diferença de temperatura. Em geral, isso significava uma forma humana se movendo por um espaço
frio, mas o que aparecia no monitor era mais uma nuvem térmica, uma mancha de ar quente que se
deslocava pelo gramado. O piloto encontrou sua origem: um duto de ventilação do Cathedral College.
Não deve ser nada, pensou. Ele via aquele tipo de alteração o tempo todo. Alguém cozinhando
ou lavando roupa. Quando estava prestes a virar as costas para o monitor, porém, reparou em uma
coisa estranha. Não havia nenhum carro no estacionamento, nem luzes em qualquer lugar do prédio.
O piloto ficou um bom tempo analisando o gerador de imagens do UH-60. Então passou um
rádio para o líder de sua equipe.
— Simkins, não deve ser nada, mas...
— Indicador incandescente de temperatura!
Langdon teve de admitir que aquilo era engenhoso.
— É ciência elementar — disse Katherine. — Substâncias diferentes incandescem a
temperaturas diferentes. Nós as chamamos de marcadores térmicos. A ciência usa esses marcadores o
tempo todo.