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—  Robert,  a  princípio  nós  todos  imaginamos  que  “grau  33”  estivesse  se  referindo  ao  grau
          maçônico, mas, quando giramos o anel em um ângulo de 33 graus, o cubo se transformou e revelou
          uma cruz. Nessa hora, percebemos que a palavra grau estava sendo usada em outro sentido.
                 — Sim. Graus de uma circunferência.
                 — Exatamente. Mas grau tem também um terceiro significado.
                 Langdon olhou para a panela d’água em cima do fogão.
                 — Graus de temperatura.
                 — Exatamente! — exclamou ela. — A resposta estava na nossa cara a noite inteira. “Tudo é
          revelado no grau 33.” Se esquentarmos a pirâmide a essa temperatura... talvez ela revele alguma coisa.
                 Langdon sabia que Katherine era uma cientista extremamente inteligente, mas, apesar disso, ela
          parecia estar deixando escapar um detalhe bastante óbvio.
                 — Se não me engano, 33 graus na escala Fahrenheit, que usamos aqui nos Estados Unidos, é
          quase a temperatura do congelamento. Não deveríamos colocar a pirâmide no freezer?
                 Katherine sorriu.
                 —  Não  se  quisermos  seguir  a  receita  do  grande  alquimista  e  rosa-cruz  que  assinava  seus
          documentos como Jeova Sanctus Unus.
                 Isaacus Neutonuus escreveu receitas?
                 — Robert, a temperatura é o mais importante catalisador alquímico e nem sempre foi medida
          pelas escalas Fahrenheit ou Celsius. Existem outras bem mais antigas, uma delas inventada por Isaac...
                 —A escala de Newton! — exclamou Langdon, percebendo que ela estava certa.
                 —  Isso!  Isaac  Newton  inventou  todo  um  sistema  para  quantificar  a  temperatura  inteiramente
          baseado em fenômenos naturais. A temperatura de fusão do gelo foi o ponto inicial de Newton, que a
          batizou  de  “grau  zero”.  —  Ela  fez  uma  pausa.  —  Imagino  que  você  consiga  adivinhar  que  grau  ele
          atribuiu à temperatura de ebulição da água, o rei de todos os processos alquímicos.
                 — Trinta e três.
                 — Sim, 33! O grau 33. Na escala de Newton, a temperatura de fervura da água é 33 graus.
          Lembro que um dia perguntei ao meu irmão por que Newton tinha escolhido esse número. Afinal de
          contas, parecia aleatório demais. A fervura da água é o mais fundamental dos processos alquímicos, e
          ele escolhe 33?
                     Por  que  não  100?  Por  que  não  algo  mais  redondo?  Peter  me  explicou  que,  para  um  místico
          como Isaac Newton, não existia número mais elegante do que 33.
                 Tudo é revelado no grau 33. Langdon olhou para a panela e, em seguida, para a pirâmide.
                 —  Katherine,  a  pirâmide  é  feita  de  granito  e  ouro  maciços.  Você  acha  que  o  calor  da  água
          fervente basta para transformá-la?
                 O  sorriso  no  rosto  de  Katherine  indicava  que  ela  sabia  alguma  coisa  de  que  Langdon  nem
          desconfiava. Confiante, andou até a bancada, ergueu a pirâmide de granito com seu cume de ouro e
          colocou-a dentro do escorredor, mergulhando-o cuidadosamente na água borbulhante.
                 Por que a gente não tenta descobrir?
                 Bem acima da Catedral Nacional, o piloto da CIA acionou o dispositivo que fazia o helicóptero
          pairar  automaticamente  e  examinou  o  perímetro  do  prédio  e  o  terreno.  Nenhum  movimento.  Seu
          gerador de imagens térmicas não conseguia penetrar as paredes de pedra da catedral, portanto, ele
          não tinha como saber o que a equipe estava fazendo lá dentro, mas, se alguém tentasse sair de fininho,
          o equipamento detectaria.
                 Sessenta segundos depois, um dos sensores térmicos emitiu um bipe. Funcionando segundo o
          mesmo  princípio  dos  sistemas  de  segurança  domésticos,  o  detector  havia  identificado  uma  forte
          diferença de temperatura. Em geral, isso significava uma forma humana se movendo por um espaço
          frio, mas o que aparecia no monitor era mais uma nuvem térmica, uma mancha de ar quente que se
          deslocava pelo gramado. O piloto encontrou sua origem: um duto de ventilação do Cathedral College.
                 Não deve ser nada, pensou. Ele via aquele tipo de alteração o tempo todo. Alguém cozinhando
          ou lavando roupa. Quando estava prestes a virar as costas para o monitor, porém, reparou em uma
          coisa estranha. Não havia nenhum carro no estacionamento, nem luzes em qualquer lugar do prédio.
                 O  piloto ficou  um  bom  tempo  analisando  o gerador  de  imagens  do  UH-60.  Então  passou  um
          rádio para o líder de sua equipe.
                 — Simkins, não deve ser nada, mas...
                 — Indicador incandescente de temperatura!
                 Langdon teve de admitir que aquilo era engenhoso.
                 —  É  ciência  elementar  —  disse  Katherine.  —  Substâncias  diferentes  incandescem  a
          temperaturas diferentes. Nós as chamamos de marcadores térmicos. A ciência usa esses marcadores o
          tempo todo.
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