Page 176 - dan brown - o símbolo perdido_revisado_
P. 176

Langdon baixou os olhos para a pirâmide e o cume submersos. Espirais de vapor serpeavam
          sobre a água borbulhante, mas ele não estava esperançoso. Olhou para o relógio e seu ritmo cardíaco
          se acelerou: 23h45.
                 — Você acha que alguma coisa vai se tornar luminescente aí dentro?
                 —  Luminescente,  não,  Robert.  Estou  falando  em  incandescente.  A  diferença  é  grande.  A
          incandescência é causada pelo calor e ocorre a uma temperatura específica. Por exemplo, ao temperar
          barras de aço, os fabricantes as borrifam com um revestimento transparente que incandesce a uma
          temperatura-alvo específica, para indicar quando estão prontas. Pense naqueles anéis que mudam de
          cor conforme o humor da pessoa. Basta colocá-los no dedo que o calor do corpo muda a coloração
          deles.
                 — Katherine, essa pirâmide foi fabricada no século XIX! Posso entender um artesão que constrói
          dobradiças  ocultas  em  uma  caixa  de  pedra,  mas  aplicar  algum  tipo  de  revestimento  térmico
          transparente não é um pouco demais?
                 —  É  totalmente  possível  —  disse  ela,  olhando  para  a  pirâmide  submersa.  —  Os  primeiros
          alquimistas usavam fósforos orgânicos como marcadores térmicos. Os chineses fabricavam fogos de
          artifício coloridos, e até os egípcios... — Katherine parou a frase no meio, observando com atenção a
          água revolta.
                 — O que foi? — Langdon seguiu o olhar dela para dentro da panela, mas não viu absolutamente
          nada.
                 Katherine  chegou  mais  perto,  examinando  a  água  com  mais  atenção.  De  repente,  virou-se  e
          atravessou a cozinha correndo em direção à porta.
                 — Aonde você está indo? — gritou Langdon.
                 Ela parou diante do interruptor de luz e o desligou. As luzes se apagaram e o exaustor parou de
          funcionar, mergulhando o espaço em total escuridão e silêncio. Langdon se voltou para a pirâmide e
          olhou para o cume debaixo d’água. Quando Katherine reapareceu, o professor estava boquiaberto.
                 Exatamente  como  ela  previra,  um  pedacinho  do  cume  de  metal  estava  começando  a  reluzir
          debaixo  d’água.  Letras  apareciam  aos  poucos,  ficando  mais  brilhantes  à  medida  que  a  água
          esquentava.
                 — Um texto! — sussurrou Katherine.
                 Langdon  aquiesceu,  estupefato.  As  palavras  brilhantes  se  materializavam  logo  abaixo  da
          inscrição  gravada  no  cume.  Pareciam  ser  apenas  três  e,  embora  Langdon  ainda  não  estivesse
          conseguindo  ler  o  que  diziam,  imaginou  se  seriam  capazes  de  revelar  o  que  eles  procuravam.  A
          pirâmide é um mapa de verdade, dissera-lhes Galloway, e indica um lugar real.
                     Quando  o  brilho  das  letras  aumentou,  Katherine  desligou  o  fogo,  interrompendo  a  fervura.  O
          cume então entrou em foco sob a superfície calma da água.
                 Três palavras brilhantes estavam claramente legíveis.




          CAPÍTULO 90


                 Sob  a  luz  tênue  da  cozinha  do  Cathedral  College,  Langdon  e  Katherine  encaravam  o  cume
          transformado dentro da panela d’água. Numa das laterais, brilhava uma mensagem incandescente.
                 Langdon  leu  o  texto  reluzente,  mal  conseguindo  acreditar  nos  próprios  olhos.  Sabia  que  a
          pirâmide  supostamente  revelava  uma  localização  específica...  mas  jamais  imaginara  que  seria  tão
          específica assim.

                 Eight Franklin Square

                 — Um endereço... Franklin Square, número 8... — sussurrou ele, atônito.
                 Katherine parecia igualmente abismada.
                 — É uma praça. Não sei o que tem lá, você sabe?
                 Langdon fez que não com a cabeça. Sabia que a Franklin Square ficava em uma das partes
          mais antigas de Washington, mas não conhecia aquele endereço. Olhou para a ponta do cume e foi
          lendo de cima para baixo, abarcando o texto inteiro:

                 O
   171   172   173   174   175   176   177   178   179   180   181