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Langdon baixou os olhos para a pirâmide e o cume submersos. Espirais de vapor serpeavam
sobre a água borbulhante, mas ele não estava esperançoso. Olhou para o relógio e seu ritmo cardíaco
se acelerou: 23h45.
— Você acha que alguma coisa vai se tornar luminescente aí dentro?
— Luminescente, não, Robert. Estou falando em incandescente. A diferença é grande. A
incandescência é causada pelo calor e ocorre a uma temperatura específica. Por exemplo, ao temperar
barras de aço, os fabricantes as borrifam com um revestimento transparente que incandesce a uma
temperatura-alvo específica, para indicar quando estão prontas. Pense naqueles anéis que mudam de
cor conforme o humor da pessoa. Basta colocá-los no dedo que o calor do corpo muda a coloração
deles.
— Katherine, essa pirâmide foi fabricada no século XIX! Posso entender um artesão que constrói
dobradiças ocultas em uma caixa de pedra, mas aplicar algum tipo de revestimento térmico
transparente não é um pouco demais?
— É totalmente possível — disse ela, olhando para a pirâmide submersa. — Os primeiros
alquimistas usavam fósforos orgânicos como marcadores térmicos. Os chineses fabricavam fogos de
artifício coloridos, e até os egípcios... — Katherine parou a frase no meio, observando com atenção a
água revolta.
— O que foi? — Langdon seguiu o olhar dela para dentro da panela, mas não viu absolutamente
nada.
Katherine chegou mais perto, examinando a água com mais atenção. De repente, virou-se e
atravessou a cozinha correndo em direção à porta.
— Aonde você está indo? — gritou Langdon.
Ela parou diante do interruptor de luz e o desligou. As luzes se apagaram e o exaustor parou de
funcionar, mergulhando o espaço em total escuridão e silêncio. Langdon se voltou para a pirâmide e
olhou para o cume debaixo d’água. Quando Katherine reapareceu, o professor estava boquiaberto.
Exatamente como ela previra, um pedacinho do cume de metal estava começando a reluzir
debaixo d’água. Letras apareciam aos poucos, ficando mais brilhantes à medida que a água
esquentava.
— Um texto! — sussurrou Katherine.
Langdon aquiesceu, estupefato. As palavras brilhantes se materializavam logo abaixo da
inscrição gravada no cume. Pareciam ser apenas três e, embora Langdon ainda não estivesse
conseguindo ler o que diziam, imaginou se seriam capazes de revelar o que eles procuravam. A
pirâmide é um mapa de verdade, dissera-lhes Galloway, e indica um lugar real.
Quando o brilho das letras aumentou, Katherine desligou o fogo, interrompendo a fervura. O
cume então entrou em foco sob a superfície calma da água.
Três palavras brilhantes estavam claramente legíveis.
CAPÍTULO 90
Sob a luz tênue da cozinha do Cathedral College, Langdon e Katherine encaravam o cume
transformado dentro da panela d’água. Numa das laterais, brilhava uma mensagem incandescente.
Langdon leu o texto reluzente, mal conseguindo acreditar nos próprios olhos. Sabia que a
pirâmide supostamente revelava uma localização específica... mas jamais imaginara que seria tão
específica assim.
Eight Franklin Square
— Um endereço... Franklin Square, número 8... — sussurrou ele, atônito.
Katherine parecia igualmente abismada.
— É uma praça. Não sei o que tem lá, você sabe?
Langdon fez que não com a cabeça. Sabia que a Franklin Square ficava em uma das partes
mais antigas de Washington, mas não conhecia aquele endereço. Olhou para a ponta do cume e foi
lendo de cima para baixo, abarcando o texto inteiro:
O