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1.2.  A  autonomização  do  conceito  de  Responsabilidade  Social  da

                  Empresa

                              Em  2000,  o  Conselho  Europeu  de  Lisboa  fixou  uma  meta  ambiciosa  para  os

                  próximos dez anos: “tornar a União Europeia na economia do conhecimento mais
                  dinâmica,  competitiva  e  sustentável,  beneficiando  de  uma  situação  de  pleno

                  emprego e coesão económica e social reforçadas”.

                         A  Estratégia  de  Lisboa  (EL)  é  um  sistema  complexo  de  políticas  de
                  desenvolvimento  baseado  em  vários  domínios  que,  numa  perspectiva  integrada,

                  procuram  firmar  um  conceito  de  desenvolvimento  sustentável  para  a  Europa  (A.
                  Pimpão, 2005).

                         Ora,  a  EL  é  algo  deveras  grandioso  para  ser  analisado  num  trabalho  desta
                  natureza. A questão que se coloca é saber como é que a responsabilidade social pode

                  contribuir  para  a  prossecução  do  objectivo  da  Agenda  de  Lisboa:  tornar  a  União

                  Europeia  na  economia  do  conhecimento  mais  dinâmica,  competitiva  e  sustentável,
                  beneficiando  de  uma  situação  de  pleno  emprego  e  coesão  económica  e  social

                  reforçadas.
                           Em 2001, surge um contributo importante para a reflexão em torno da RSE:

                  Livro  Verde,  Promover  um  quadro  europeu  para  a  responsabilidade  social  das

                  empresas, em 2001. Neste documento, há uma clara alusão à ideia do desenvolvimento
                  sustentável  e  a  noção  de  que  as  empresas  devem  procurar  alcançar  três  tipos  de

                  objectivos:  económicos,  sociais  e  ambientais.  A  definição  apresentada  de  RSE  é  a
                  seguinte:

                                   “A responsabilidade social das empresas é, essencialmente, um
                                   conceito  segundo  o  qual  as  empresas  decidem,  numa  base
                                   voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e para um
                                   ambiente  mais  limpo  (...).  Esta responsabilidade  manifesta-se

                                   em  relação  aos  trabalhadores  e,  mais  genericamente,  em
                                   relação a todas as partes interessadas afectadas pela empresa e
                                   que,  por  seu  turno,  podem  influenciar  os  seus  resultados”
                                   (parágrafo 8).

                           Aqui, podemos verificar que a gestão das empresas não pode apenas obedecer

                  aos interesses dos proprietários, mas passa também pela consideração de outras partes

                  interessadas.
                           Uma  das  ideias  do  documento  é  a  noção  de  um  tripé  constituído  pelos


                                                                                                      8
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