Page 117 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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            sempre  para baixo.  Por  quê?  Porque,  obedecendo  à  lei  da
            gravidade,  seu próprio peso o leva para baixo.  Imaginemos,
            porém, que eu deseje que o livro fique um metro para cima.
            Então,  o  que  fazer?  Preciso  erguê-lo.  Uma  força  externa
            precisa fazê-lo subir. Essa é a relação entre o homem caído e
            Deus. Enquanto o poder divino o sustenta, ele é impedido de
            afundar  cada  vez  mais  no  pecado;  retirado  esse  poder,  o
            homem cai — seu próprio pecado (qual peso) o afunda.  Deus
            não o empurra para baixo,  como eu também não empurrei o
            livro para baixo. Removidas todas as restrições divinas, todo
            homem seria capaz de tomar-se e se tomaria um Caim, um
            Faraó, um Judas. Como, pois, pode o pecador subir em direção
            aos céus? Por um ato de sua própria vontade? Não. Um poder
            externo  precisa  dominá-lo,  para  então  erguê-lo  a  cada
            centímetro em sua subida. O pecador é livre, mas em uma só
            direção — livre para cair, livre para pecar. É conforme afirma
            a Palavra de Deus: “Porque, quando éreis escravos do pecado,
            estáveis isentos em relação à justiça” (Rm 6.20). O pecador é
            livre para praticar o que lhe apraz (exceto quando ele é refreado
            por Deus),  mas o seu prazer é cair no pecado.
                   Na primeira parte deste capítulo, insistimos em que é
            de importância prática termos um conceito adequado a respeito
            da natureza  e  da função  da vontade.  E mais,  dissemos  que
            isso constitui um teste fundamental da ortodoxia teológica e
            da  firmeza  doutrinária.  Desejamos  desenvolver  mais  essa
            afirmativa, procurando demonstrar a sua exatidão. A questão
           da liberdade ou da servidão da vontade  foi a linha divisória
           entre o agostinianismo e o pelagianismo,  e, em tempos mais
           recentes,  entre o calvinismo e o arminianismo.  Em resumo,
           isso quer dizer que a diferença envolvida era a afirmação ou
           a negação da total depravação do homem.



           3. A Incapacidade da  Vontade Humana

                   Está  ao  alcance  da  vontade  do  homem  aceitar  ou
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