Page 115 - DEUS É SOBERANO - A. W. Pink
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             o fato de que a palavra “coração” ocorre na Bíblia três ve
             mais do que a palavra “vontade”, embora tenhamos de lev
             em  conta  que  aproximadamente  metade  das  referências
             palavra “vontade” tem em vista a vontade de Deusl
                    Quando afirmamos que é o  coração e não a vonta
             que  governa  o  homem,  não  estamos  apenas  debatend
             palavras;  insistimos numa importantíssima e vital distinção;
             Diante  de  uma  pessoa  há  duas  alternativas;  qual  das  duas
             haverá ela de  escolher?  Respondemos  que  é  aquela  que  lhe
             parecer mais agradável, ou seja, ao seu “coração” — o âmago
             do  seu  ser.  Perante  o  pecador  se  contrapõem,  de um lado,
             uma vida virtuosa e piedosa; de outro, uma vida de prazeres
             pecaminosos  —  qual  dessas  alternativas  ele  escolherá?  A
             segunda alternativa.  Por quê? Porque essa foi a sua escolha.
             Mas  isto  comprova  que  a  vontade  é  soberana?  De  modo
             nenhum. Procedamos do efeito para a causa. Por que o pecador
             escolhe a vida de prazeres pecaminosos? Porque a prefere —
             e  a  prefere  mesmo,  apesar  de  todos  os  argumentos  em
             contrário,  e de,  naturalmente,  não apreciar os  efeitos dessa
             maneira  de  viver.  Mas,  por  que  a  prefere?  Porque  o  seu
             coração é pecaminoso.  Idênticas  alternativas  se apresentam
             ao crente, o qual busca e esforça-se por uma vida de piedade
             e virtude.  Por quê? Porque Deus lhe proporcionou um novo
             coração, uma nova natureza. Dizemos, por conseguinte, que
             não é a vontade que ensurdece o pecador a todos  os apelos
             para que este abandone o seu mau caminho;  é o seu coração
             corrupto  e pecaminoso.  Não  quer  vir a  Cristo,  porque  isso
             não lhe apraz; e não lhe apraz porque o seu coração odeia a
             Cristo e ama o pecado (Jr  17.9)!2



             2. A Escravidão da Vontade Humana

                    Qualquer  tratado  que  se  proponha  a  falar  sobre  a
            vontade humana, sua natureza e suas funções, tem de abordar
            a questão de acordo com três homens diferentes: Adão, antes
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