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P                                          O PERDÃO E A CURA
          P





                    "O que é mais fácil dizer: 'Teus pecados estão perdoados' ou 'Levanta-te e anda?”
                                                          Lucas 5:23



                   Emma sofreu abuso e foi abandonada pelos pais quando criança, tendo sido criada
                  no sistema de lares adotivos. Sua infância foi extremamente sofrida por causa do
                  tratamento que recebeu dos pais e também em vários dos locais onde morou. Emma
                  sempre culpara os pais pelo sofrimento que teve que suportar, mas ultimamente
                  decidira colocar uma pedra em cima do passado.
                  "Já consegui superar tudo", ela me explicou. "Eles provavelmente eram imaturos e
                  incapazes de assumir responsabilidade ou        não tinham recursos. Não importa. Vou
                  simplesmente me concentrar no presente e deixar o passado para trás. Não estou
                  interessada em uma terapia profunda. Só preciso de algumas sessões rápidas para
                  recobrar o equilíbrio e seguir em frente.”
                  Mas o passado de Emma recusava-se a ficar para trás. Ela sentia raiva grande parte
                  do tempo, não confiava nas pessoas, nunca dormia bem e fazia sistematicamente
                  más escolhas nos seus relacionamentos. Emma havia desculpado os pais, mas não
                  os havia perdoado. No entanto, queria seguir em frente, sem olhar para trás,
                  achando que revolver todas aquelas recordações dolorosas da infância era penoso
                  demais e não adiantaria nada.
                  Acontece que a terapia de Emma não foi tão rápida quanto ela desejava. Foram
                  necessários anos de terapia e grupos de apoio para que ela pudesse compreender a
                  importância de   lidar com sua questão inacabada com os pais e mais tempo ainda
                  para que pensasse em perdoá-los. No fundo, Emma não queria perdoar os pais
                  porque achava que ao fazer assim estaria tornando a atitude deles aceitável. Mas
                  isso não é verdade. Pode-se perfeitamente perdoar as pessoas, mas optar por não
                  permitir que elas voltem a fazer parte da sua vida se você não achar que recebê-las
                  de volta seria uma boa coisa. Emma precisava acreditar que o que os pais fizeram
                  foi errado, mas não tinha que continuar a odiá-los por isso. O seu ódio só a estava
                  magoando. Emma precisava perdoar os pais por causa dela mesma, e não deles.
                  Ao compartilhar suas experiências e sentimentos na terapia e nos grupos de apoio,
                  Emma não se sente mais sozinha. Sentindo-se compreendida, ela começou a olhar
                  de novas maneiras para o ressentimento que os pais despertaram nela. Ao perdoá-
                  los, ela libertou a si mesma de uma vida de culpa e ódio. O trabalho foi imenso, mas,
                  ao completá-lo, Emma atingiu um nível mais profundo de totalidade espiritual e
                  psicológica.
                  Às vezes os meus pacientes gostariam que eu dissesse algo milagroso que lhes
                  permitisse psicologicamente "levantar-se e     andar" de imediato. Mas quando somos
                  feridos no nosso nível mais profundo precisamos passar por um processo que exige
                  a nossa participação ativa. Precisamos nos esforçar para identificar o que foi ferido
                  no nosso coração e      nos nossos relacionamentos para em seguida perdoar. Esta
                  seqüência geralmente não é fácil e raramente é instantânea.
                  Na época de      Jesus, as pessoas também desejavam soluções imediatas. Elas
                  preferiam os milagres ao trabalho árduo. Mas Jesus não estava interessado
                  simplesmente em ajudar as pessoas a se sentir melhor; ele queria que elas de fato
                  melhorassem. Para ele, isso significava lidar com as feridas do coração e dos
                  relacionamentos que exigiam perdão e reconciliação. Ele sabia que às vezes era
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