Page 18 - O vilarejo das flores
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—Não se preocupe. Eles não me viram e nem desconfiam do meu
esconderijo. - disse orgulhosa de si.
Sancler tentou dissuadi-la, mas foi em vão. Aimeé estava
decidida a voltar ao vale e continuar seu plano até eles desistirem.
Sancler ofereceu-se para ir com ela, mas não teve tempo para obter a
resposta, pois a mãe de Aimeé a chamou.
-Já estou indo mãe. - disse Aimeé - Não se preocupe Sancler, vou
ficar bem. Já tenho tudo esquematizado.
Aimeé despediu-se de Sancler e correu para casa. Sancler
pensou em acordar cedo para acompanha-la, mas o pensamento foi
afastado quando seu pai o chamou e lhe deu outro encargo, o qual
ele não pôde desvencilhar-se.
No dia seguinte, Aimeé acordou com o alvorecer e mal
teve tempo para o desjejum. Pegou uma fruta e correu para o vale.
Ficou espreitando os meninos que vieram dessa vez somente quatro.
Mas Aimeé nem se deteve a esse detalhe. Preparou-se para atirar.
De repente algo puxou suas pernas. Ela começou a se debater e
conseguiu soltar uma perna, quando ouvi um “AAaai!” vindo de uma
voz grossa. Ao se virar, reconheceu o rapaz com quem discutira. De
perto, ela pôde vê-lo melhor. Era alto, magro, cabelo castanho escuro
comprido até o ombro e olhos verdes. Bonito, porém, maltratado.
—Foi bem feito! Não mandei puxar minhas pernas. – disse ela.
-Sua garota metida! Sabia que pode machucar alguém com esse
estilingue? -esbravejou ele com o nariz sangrando.
—É bom mesmo! Assim vocês não voltam mais aqui.
-Você não deve ter o que fazer em casa e fica atrapalhando o trabalho
dos outros.
—Você chama isso de trabalho? Capturar animais indefesos e fazer
com eles o que você bem entende? -esbravejou furiosa.
—O que você sabe da vida? Fica defendendo os animais, mas quando
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