Page 111 - Fortaleza Digital
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- Sim, achei o passaporte de alguém no parque hoje. Seu número estava em um
      pedaço de papel dentro dele. Achei que talvez fosse o hotel onde o dono do
      passaporte estava hospedado e queria lhe devolver o documento. Mas foi um
      engano. Vou deixá-lo em um posto da polícia quando eu estiver indo embora.
      - Perdoe-me - interrompeu Roldán) nervosamente. - Posso lhe propor uma
      solução mais simples? - Roldán orgulhava-se de ser muito discreto em seus
      negócios e sabia que visitas à Guardia tinham uma tendência a transformar seus
      clientes em ex-clientes. – Veja, como nosso número está dentro do passaporte) o
      dono provavelmente é um de nossos clientes. Talvez possamos resolver isso de
      outra forma e evitar que o senhor perca seu tempo indo à polícia.
      - Não sei. Acho que eu provavelmente deveria apenas... - A voz hesitou.
      - Não seja precipitado, amigo. Tenho um pouco de vergonha em admitir isso,
      mas a polícia aqui de Sevilha não é sempre tão eficiente quanto a polícia do norte
      de nosso país. Podem levar vários dias até que o passaporte seja devolvido a seu
      dono. Se você me disser o nome que 119
      está no documento, darei um jeito de devolver o passaporte imediatamente.
      - Bem, talvez... Suponho que não haja nenhum problema... - Roldán ouviu o som
      de algumas folhas sendo viradas, e depois a voz retomou. - É um nome alemão.
      Não sei se consigo pronunciar isso... Gusta... Gustafson?
      Roldán não reconheceu o nome, mas tinha clientes vindos de todas as partes do
      mundo, e eles nunca davam seus nomes reais.
      - Como ele é? Como é a foto? Talvez eu consiga reconhecê-lo.
      - Pela foto... Ele tem um rosto redondo, parece ser bem gordo. Roldán sabia
      quem era. Lembrava-se claramente daquela cara obesa. Era o homem com
      Rodo. Estranho, pensou ele. Era a segunda ligação a respeito do alemão naquela
      noite.
      - Ah, o Sr. Gustafson? - Roldán soltou uma risada forçada. - Claro, eu o conheço
      bem. Se você me trouxer o passaporte, farei com que ele o receba em seguida.
      - Estou no centro, sem carro - interrompeu o homem. - Talvez você
      pudesse vir pegá-lo?
      - Na verdade - esquivou-se Roldán -, não posso sair no momento. Mas não é
      muito longe, se você...
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