Page 125 - Fortaleza Digital
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Aparentemente, essas não eram as palavras certas. O alemão olhou fixamente
para ele.
- Ein Ring. Du hast einen Ring. Você possui um anel-disse Becker.
- Vá embora - grunhiu o alemão. Começou a fechar a porta. Sem pensar, Becker
colocou o pé na abertura, impedindo que a porta se fechasse. Ele logo lamentou
ter feito isso.
O alemão arregalou os olhos, possesso.
- Was tust du? O que você está fazendo? - perguntou. Becker sabia que tinha
passado dos limites. Olhou nervosamente para os dois lados do corredor. Ele já
havia sido expulso da clínica e não queria que isso acontecesse de novo.
- Nimm deinen Fuss weg! - gritou o alemão. - Tire seu pé daí!
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Becker olhou rapidamente para os dedos gorduchos do alemão, procurando o
anel. Nada. Cheguei tão perto, pensou.
- Ein Ring!-repetiu Becker, mas o alemão bateu a porta na sua cara. David
Becker permaneceu um longo tempo parado no corredor luxuosamente
decorado. A réplica de um quadro de Salvador Dalí
estava pendurada perto dele. Muito adequado, pensou Becker. Surrealismo. Estou
preso em um sonho surreal. Havia acordado naquela manhã em sua própria
cama, mas, por algum motivo peculiar, tinha ido parar na Espanha e agora
estava tentando entrar à força no quarto de hotel de um estranho em busca de um
anel "mágico". A lembrança da voz seca de Strathmore o trouxe de volta à
realidade. Você precisa encontrar aquele anel.
Becker respirou fundo e silenciou a voz em sua mente. Tudo o que queria era
voltar para casa. Olhou de novo para a porta do 301. Seu tíquete para casa estava
bem ali, do outro lado. Tudo o que precisava fazer era ir até lá e pegar o anel.
Inspirou e expirou longamente, tentando relaxar. Então dirigiu-se novamente
para o 301 e bateu com firmeza na porta. Era hora de jogar pesado.
O alemão escancarou a porta e estava prestes a reclamar, mas Becker foi mais
rápido. Puxou o cartão do clube de squash de Maryland e vociferou:
- Polizei! - Forçou a passagem, entrou no quarto e acendeu as luzes. O alemão