Page 122 - Fortaleza Digital
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- É mesmo? - respondeu Hale, sarcástico. - Bisbilhotar a vida dos cidadãos
comuns seria apenas um efeito colateral bem-vindo?
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- Não ficamos bisbilhotando os cidadãos comuns, você sabe disso. O FBI pode
grampear telefones, mas isso não significa que escutem todas as chamadas.
- Se tivessem pessoal suficiente, escutariam. Susan ignorou a observação.
- Os governos devem ter o direito de levantar informações para se defender de
ameaças ao bem comum.
- Meu Deus! Você soa como se tivesse sofrido uma lavagem cerebral de
Strathmore. Você sabe muito bem que o FBI não pode escutar qualquer conversa
que queira - eles precisam de um mandado. Um padrão de encriptação
adulterado daria à NSA o poder de monitorar as comunicações de qualquer um,
a qualquer momento, em qualquer lugar.
- Sim, e deveríamos poder fazer isso! -A voz de Susan tornou-se mais agressiva. -
Se você não tivesse descoberto o acesso de programador no Skipjack, poderíamos
desencriptar qualquer código, em vez de nos limitarmos apenas aos que o
TRANSLTR consegue desencriptar a tempo.
- Se eu não tivesse encontrado o acesso - argumentou Hale -, alguma outra
pessoa teria. Eu salvei a reputação de vocês por ter descoberto aquilo na época.
Imagine quais seriam as conseqüências se o Skipjack estivesse em uso quando
alguém descobrisse o furo!
- De qualquer forma - Susan retrucou -, agora temos que lidar com uma EFF
paranóica que acha que colocamos acessos secretos em todos os nossos
algoritmos.
- Mas não é exatamente o que fazemos? - perguntou Hale, com ironia. Susan
lançou-lhe um olhar gélido.
- Tudo bem - disse ele, esfriando os ânimos -, de qualquer maneira a questão já
foi resolvida. Vocês construíram o TRANSLTR e agora possuem uma fonte
instantânea de informações. Podem ler o que quiserem, quando quiserem e
ninguém vai perguntar nada. Vocês venceram.
- Você quer dizer nós vencemos, não? Até onde me lembro, você
trabalha para a NSA.