Page 127 - Fortaleza Digital
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- Ou? - perguntou o alemão, nervoso.
- Ou podemos fazer um acordo.
- Que tipo de acordo? - O alemão tinha ouvido muitas histórias sobre a corrupção
na Guardia Civil espanhola.
- Você tem algo que eu quero - disse Becker.
- Sim, claro! - disse o alemão, mais animado agora e dando um sorriso forçado. -
Foi até seu armário pegar a carteira. - Quanto?
Becker lançou-lhe um olhar indignado.
- Você está tentando subornar um oficial da lei?
- Oh! Não, de forma alguma, apenas pensei que... - O alemão rapidamente pôs
sua carteira de lado. - Eu... eu... - O homem estava totalmente fora de si. Jogou-
se em um canto da cama e entrelaçou as mãos olhando para baixo. A cama
gemeu sob seu peso. - Eu lamento. 137
Becker tirou uma rosa do vaso que estava no centro do quarto e cheiroua,
displicente, antes de deixá-la cair no chão. Virou-se subitamente e disparou. - O
que você pode me dizer sobre o assassinato?
O alemão ficou branco.
- Mord? Assassinato?
- Sim, sim, lembra-se? O oriental, hoje pela manhã? No parque? Foi um
assassinato: Ermordung. - Becker amava o termo alemão para assassinato:
Ermordung. Era de arrepiar.
- Ermordung? Ele... ele foi...?
-Sim.
- Mas isso não é possível-disse o alemão, com falta de ar. - Eu estava lá. Ele teve
um ataque cardíaco. Eu vi. Não havia sangue, nenhuma bala. Becker balançou a
cabeça, complacente.
- As coisas nem sempre são o que parecem.
O alemão ficou ainda mais pálido.