Page 157 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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partida, chamou Maugrim, que se aproximou aos saltos, como um cão
gigante.
– Escolha o mais rápido dos seus lobos e parta imediatamente com
ele para a casa dos castores. Mate tudo o que encontrar por lá. Se já tiverem
partido, siga para a Mesa de Pedra a toda a velocidade, sempre sem ser
visto. Depois esconda-se e espere por mim. Tenho de andar muitas léguas
para o poente até encontrar um lugar onde atravessar o rio. Pode ser que
você encontre criaturas humanas antes de chegar à Mesa de Pedra. Nesse
caso, já sabe o que fazer!
– Ouvir é obedecer, ó rainha – rosnou o lobo, desaparecendo
imediatamente na escuridão, veloz como um cavalo em disparada.
Dentro de dez minutos, acompanhado de outro lobo, chegava ao
dique, farejando a casa dos castores. Nada encontraram, naturalmente.
Teria sido horrível para os castores e as crianças se não tivesse começado a
nevar, pois os rastos estariam visíveis... e quase certamente teriam sido
apanhados antes de chegar à caverna.
Enquanto isso, o anão castigava as renas. A feiticeira e Edmundo,
passando por debaixo do arco, penetraram na escuridão gelada. Para
Edmundo, que nem tinha casaco, foi uma viagem horrorosa. Quinze
minutos depois, já estava todo coberto de neve. Desistiu até de sacudi-la,
pois não adiantava nada. E sentia-se tão cansado! Estava molhado até os
ossos. Como se sentia desgraçado! A feiticeira não tinha a intenção de
torná-lo rei. Via agora a burrice que fora tentar convencer a si mesmo de
que ela era boa pessoa e que tinha razão. Naquele momento, daria tudo para
estar com os outros... até com Pedro! Só tinha um consolo: pensar que tudo
não passava de um sonho, e que podia acordar de um momento para outro.
A medida que as horas corriam, tudo acabou mesmo por lhe parecer um
sonho.
Seria preciso muitas páginas para descrever essa viagem. Mas vou
dar um grande salto e passar para o momento em que a neve cessou de cair
e eles deslizavam com a luz do dia. Foram seguindo sempre, sempre, num
silêncio apenas cortado pelo chiar da neve e pelo estalar dos arreios. De
repente, a feiticeira exclamou:
– O que é aquilo? Parem!
Pararam.
Edmundo aguardou ansioso que ela falasse em almoço. Mas era
outra coisa. A pouca distância, debaixo de uma árvore, estava um grupinho
alegre, do qual faziam parte um esquilo, com a mulher e os filhos, dois
sátiros, um anão e uma velha raposa. Todos sentados em banquinhos em
volta de uma mesa. Edmundo não conseguiu distinguir a comida, mas o