Page 162 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                                       A PRIMEIRA BATALHA DE PEDRO







                  A dez quilômetros de distância da feiticeira, os castores e as três crianças
                  caminhavam  no  que lhes parecia  o  melhor  dos  sonhos.  Havia muito que
                  tinham  abandonado  os  casacos.  Tinham  deixado  até  de  dizer  uns  aos
                  outros:

                         – Um pica-pau! Que lindas campânulas! Que perfume maravilhoso!
                  Como canta bem aquele passarinho!

                         Caminhavam  em  silêncio,  passando  de  clareiras  inundadas  de  sol
                  para  bosques  frescos  e  verdejantes,  voltando  para  planuras  cheias  de
                  musgos e olmos gigantescos.
                         A surpresa tinha sido tão grande para eles como para Edmundo, ao
                  verem o inverno sumir e o bosque mudar, como se o tempo tivesse dado
                  um grande salto. Nem mesmo sabiam ao certo (ao contrário da feiticeira)
                  que era isso mesmo que devia acontecer quando Aslam chegasse a Nárnia.
                  Mas sabiam todos que, por encantamento dela, surgira o inverno sem fim.
                  Quando a primavera mágica começou, todos concluíram que alguma coisa
                  estava  falhando,  desastrosamente  falhando,  nos  planos  da  feiticeira.
                  Chegaram a compreender com alegria que a feiticeira já não poderia usar o
                  trenó.  Deixaram  de  andar  tão depressa  e  se  deram  ao  luxo  de  descansos
                  mais freqüentes e demorados. Também já estavam cansados, exaustos não,
                  mas cansados, meio molengas e distraídos, mas muito calmos por dentro,
                  como acontece quando se chega ao fim de um longo dia ao ar livre. Susana

                  tinha uma pequena bolha no pé.
                         Tinham deixado de seguir o rio e viraram um pouco para o sul, onde
                  ficava a Mesa de Pedra. Mesmo que não fosse o caminho certo, teria sido
                  impossível continuar pelo vale durante o degelo, porque, com toda a neve
                  que  derretia  não  demorou  para  que  o  rio  transbordasse  e  a  corrente
                  caudalosa  inundasse  a  vereda  por  onde  seguiam.  O  sol  declinava,  a  luz
                  ficava mais vermelha, as sombras alongavam-se e as flores já começavam a
                  pensar em dormir.

                         – Falta pouco – disse o Sr. Castor, guiando-os encosta acima sobre o
                  musgo macio da primavera (tão fofinho sob os pés cansados) para um lugar
                  onde  só  existiam  árvores  muito  altas  e  espaçadas.  Estavam  ofegantes
                  quando chegaram ao topo. Eis o que viram.
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