Page 164 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Quanto mais demoravam, mais perturbados se sentiam. Pedro acabou
compreendendo que lhe cabia ser o primeiro. Levantou a espada em
saudação, dizendo apressadamente aos outros:
– Venham! Não tenham medo!
Avançou para o Leão e disse:
– Estamos aqui, Aslam!
– Seja bem-vindo, Pedro, Filho de Adão – respondeu Aslam. – Bem-
vindas, Susana e Lúcia, Filhas de Eva. Bem-vindos, Sr. e Sra. Castor.
A voz, profunda e generosa, teve o efeito de um calmante. Ficaram
alegres e animados, não mais perturbados por estarem ali sem dizer uma
palavra.
– Mas por onde anda o quarto humano? – perguntou Aslam.
– Quis traí-los e aderiu à Feiticeira Branca, Aslam – respondeu o Sr.
Castor.
Num impulso, Pedro disse:
– Em parte, foi culpa minha, Aslam. Fiquei zangado com ele...
Aslam nada disse; ficou simplesmente olhando para Pedro com os
seus olhos enormes.
– Por favor... Aslam – disse Lúcia –, não podemos fazer algo para
salvar Edmundo?
– Faremos o que for preciso. Mas pode ser mais difícil do que você
pensa.
O Leão guardou silêncio por certo tempo. Lúcia então reparou que
sua expressão (apesar de imponente, régia e calma) também era triste. Mas
a tristeza não demorou muito. Ele sacudiu a juba, bateu as patas (“Que
terríveis patas seriam” – pensou Lúcia – “se ele não soubesse como torná-
las macias!”) e disse:
– Enquanto isso, preparem o festim! Senhoras, levem para a barraca
real estas Filhas de Eva e tomem conta delas.
Afastadas as meninas, Aslam pousou a pata (apesar de aveludada,
muito pesada) em cima do ombro de Pedro:
– Venha, Filho de Adão; vou mostrar-lhe o palácio onde um dia será
rei.
Ainda empunhando a espada desembainhada, Pedro acompanhou o
Leão ao extremo leste do topo da colina. O Sol se punha por detrás deles:
embaixo, estendiam-se a floresta, montanhas, vales e o rio a colear como