Page 169 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
P. 169

tronco. Porque eram, muito simplesmente, a feiticeira e o anão. Fazia parte
                  dos poderes da feiticeira dar às coisas a aparência daquilo que não eram.
                  Tivera bastante presença de espírito para fazer uso desse dom no instante
                  em que o facão lhe saltou das mãos.

                         Quando as crianças acordaram na manhã seguinte, tendo dormido na
                  barraca sobre boas almofadas, ouviram a Sra. Castor dizer que Edmundo
                  estava  salvo  e  fora  trazido  ao  acampamento  altas  horas  da  noite.
                  Conversava  agora  com  Aslam.  Tomaram  café  e  saíram  todos,  e  viram
                  Aslam  e  Edmundo  passeando,  lado  a  lado,  sobre  a  relva  úmida.  Não  é
                  preciso dizer para você (e o fato é que ninguém ouviu) o que Aslam dizia.
                  Fique sabendo que foi uma conversa da qual Edmundo jamais se esqueceu.
                  Quando os outros se aproximaram, Aslam voltou-se e, acompanhado por
                  Edmundo, foi ao encontro deles.

                         – Aqui está o quarto Filho de Adão. E... bem... não vale a pena falar
                  do que aconteceu. O que passou, passou.

                         Edmundo apertou a mão de todos, repetindo: – Desculpe...
                         E cada um respondia:

                         – Deixe isso pra lá!

                         Todos  queriam  dizer  alguma  coisa,  para  que  não  ficasse  a  menor
                  dúvida de que tudo estava bem outra vez – alguma coisa muito natural e
                  trivial –, mas ninguém conseguiu lembrar-se de nada para dizer. Mas não
                  tiveram tempo de se sentir embaraçados: um dos leopardos chegou e disse
                  para Aslam:

                         – Senhor, está aí um emissário inimigo que implora audiência.

                         – Mande-o aqui.
                         Daí a pouco o leopardo voltou com o anão da feiticeira.

                         – A que vens, Filho da Terra? – perguntou Aslam.

                         – A Rainha de Nárnia e Imperatriz das Ilhas Desertas deseja salvo-
                  conduto para vos falar sobre um assunto que tanto interessa a vós como a
                  ela – disse o anão, na ponta da língua.

                         – Ah! Rainha de Nárnia! – comentou o Sr. Castor. – Mas é muito
                  cara-de-pau!...
                         – Calma, Castor – disse Aslam. – Todos os títulos serão restituídos a
                  quem de direito. Não vale a pena discutir por enquanto. – E, voltando-se
                  para o anão: – Diga a sua senhora que o salvo-conduto está concedido, sob
                  a condição de ela deixar a vara mágica debaixo daquele grande carvalho.

                         Aceita a condição, dois leopardos acompanharam o anão, para ver se
                  tudo seria feito conforme o combinado.
   164   165   166   167   168   169   170   171   172   173   174