Page 166 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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nem vivo nem morto. Os dentes do animal bateram em sua testa. Era tudo
sangue, calor, pêlos e cabelos... Um momento depois, percebeu que o
monstro estava morto; desenterrou a espada, endireitou-se, limpou o suor
que lhe cobria o rosto e os olhos. Estava exausto o herói!
Susana, daí a pouco, desceu da árvore. Ficaram, ela e Pedro, muito
comovidos quando se encontraram. Não posso negar que houve beijos e
choradeira, de parte a parte. Mas em Nárnia isso não causa má impressão
em ninguém.
– Depressa! – gritou Aslam – Centauros! Águias! Há um outro lobo
no bosque. Ali... bem atrás de vocês. Vão atrás dele. Deve estar à procura
da dona. E a oportunidade de descobrir a feiticeira e de salvar o quarto
Filho de Adão.
Num instante, com um bater de cascos e um tatalar de asas, um
grupo de velozes criaturas desapareceu nas trevas.
Pedro, ainda respirando mal, viu que estava junto de Aslam.
– Esqueceu de limpar a espada – disse o Leão.
Verdade. Pedro corou ao ver a lâmina brilhante manchada de sangue
e de pêlos do polícia secreta. Esfregou a espada na relva, enxugando-a
depois no casaco.
– Dê-me a espada. Ajoelhe-se, Filho de Adão! – disse Aslam.
Tocou-o com a lâmina da espada e disse:
– Levante-se, rei Pedro! E, aconteça o que acontecer, nunca se
esqueça de limpar a espada!