Page 163 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Encontravam-se numa grande clareira verde, abraçada por uma
floresta que se estendia a perder de vista em todas as direções, menos em
frente. Porque aí, longe, no oriente, alguma coisa cintilava e fazia ondas.
– O mar! Puxa! – murmurou Pedro para Susana.
No centro da clareira estava a Mesa de Pedra. Era uma grande pedra
cinzenta, bem tosca, sustentada por outras quatro. Parecia muito antiga e
estava toda gravada com linhas e figuras esquisitas, caracteres talvez de
uma língua desconhecida. Dava uma sensação estranha olhar para ela. Em
seguida viram, a um canto, uma barraca armada, um pavilhão magnífico,
sobretudo quando os raios do sol incidiam sobre ele. Estava revestido de
alguma coisa que parecia seda amarela, cordões vermelhos e cavilhas de
marfim; flutuando no alto de uma haste, uma flâmula com um leão rubro,
agitada pela brisa do mar. Ouviram música, que vinha da direita. Voltaram-
se e viram enfim o que desejavam ver.
Aslam estava em pé, cercado por uma multidão de seres, que o
rodeavam em semicírculos. Havia espíritos que moram nas árvores e
espíritos dos bosques e fontes (dríades e náiades, como são chamados em
nosso mundo). Levavam nas mãos instrumentos de corda. Eram eles que
tocavam. Viam-se também quatro grandes centauros: uma das metades
lembrava um cavalo grande, enquanto a metade humana parecia um gigante
de expressão séria, mas bonita. Havia ainda um unicórnio e um touro com
cabeça de homem, um pelicano, uma águia e um cachorro enorme. E,
ladeando Aslam, dois leopardos seguravam, um, a coroa, e outro, a
insígnia.
Quanto ao próprio Aslam, nem as crianças, nem os castores
souberam o que fazer ou dizer ao vê-lo. Quem nunca esteve em Nárnia há
de achar que uma coisa não pode ser boa e aterrorizante ao mesmo tempo.
Os meninos entenderam logo. Pois, quando tentaram olhar para Aslam de
frente, só conseguiram ver de relance a juba de ouro e uns grandes olhos,
régios, soleníssimos, esmagadores. Depois, já não tiveram forças para olhar
e começaram a tremer como varas verdes.
– Avante! – disse bem baixinho o Sr. Castor.
– Não! – murmurou Pedro. – Vá primeiro.
– Não! Os Filhos de Adão devem ir antes dos bichos – disse o castor,
sempre baixinho.
– Susana... – sussurrou Pedro. – Que tal você?
As damas primeiro.
– Não! Você é o mais velho.