Page 154 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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vai encontrar o seu dique terminado, consertado em todos os pontos onde
vazava água e, além disso, uma comporta novinha em folha.
O Sr. Castor ficou tão alegre que sua boca se abriu totalmente, mas
então ele descobriu que não conseguia dizer uma palavra.
– Pedro, Filho de Adão – continuou Papai Noel.
– Presente! – disse Pedro.
– Presentes para você. São ferramentas, e não brinquedos. Talvez
não esteja longe o dia em que precisará usá-las. Com honra!
E entregou a Pedro um escudo e uma espada. O escudo era cor de
prata, com um leão rubro no centro, lustroso como um morango pronto
para ser colhido. A espada tinha punho de ouro, bainha, cinto, tudo, e
parecia feita sob medida. Pedro recebeu os presentes em grave silêncio,
sentindo que se tratava de uma coisa muito séria.
– Susana, Filha de Eva! Isto é para você. – E Papai Noel entregou-
lhe um arco, uma aljava cheia de setas e uma trompazinha de marfim. – Só
deve usar o arco em grande risco, pois não quero que você tome parte ativa
na luta. Raras vezes falha o alvo. Quanto à trompa, é só levá-la aos lábios e
tocar: auxílio lhe virá de alguma parte.
– Lúcia, Filha de Eva! – Papai Noel estendeu-lhe uma garrafinha,
que parecia de vidro (houve mais tarde quem dissesse que era de diamante)
e um punhal muito pequeno. – Esta garrafa contém um tônico feito do suco
de uma flor de fogo que cresce nas montanhas do sol. Se um amigo estiver
ferido, bastam algumas gotas para curá-lo. O punhal é para a sua defesa,
em caso de extrema necessidade. Porque você também não deve entrar na
luta.
– Por que não, meu senhor? – disse Lúcia. – Acho que... bem, não
sei... mas acho que eu era capaz de não ter medo!
– O problema não é esse. E que as batalhas são mais feias quando as
mulheres tomam parte nelas. E agora – continuou, com uma expressão
muito me nos solene –, agora aqui está para vocês todos!...
E Papai Noel apresentou-lhes (deve ter tirado do grande saco, mas a
verdade é que ninguém deu por isso) uma enorme bandeja, com cinco taças
de chá, com os respectivos pires, um açucareiro, uma tigelinha de creme de
leite e uma grande chaleira ainda a chiar. E gritou em seguida:
– Feliz Natal! Viva o Verdadeiro Rei! – Estalou o chicote e
desapareceram, ele, as renas, o trenó, tudo, antes que os outros se dessem
conta de que tinham ido embora.
Pedro mostrava a espada desembainhada ao Sr. Castor quando ouviu
a voz da Sra. Castor: