Page 149 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Desapareceu dentro da casa. Edmundo esperou em pé. Os dedos
gelados doíam-lhe, o coração batia descompassadamente. Por fim, o lobo
cinzento, Maugrim, chefe da polícia secreta, voltou aos saltos:
– Entre, entre, ditoso favorito da Rainha. Ditoso ou desditoso, quem
sabe?
Entrou, tendo o cuidado de não pisar nas patas do chefe da polícia
secreta. Viu-se logo num saguão comprido e sombrio, com muitos pilares
e, como o pátio, cheio de estátuas. A que estava mais perto da porta era a
de um pequeno fauno, com uma expressão muito triste. Seria o amigo de
Lúcia? A pouca claridade que havia chegava de um único lampião, junto do
qual estava sentada a Feiticeira Branca.
– Aqui estou, Majestade – disse Edmundo, avançando, aflito.
– Como se atreve a vir sozinho? – perguntou a feiticeira em tom de
ameaça. – Não dei ordem para que trouxesse seus irmãos?
– Perdão, Majestade. Fiz o que pude. Eles estão aqui perto... na
casinha que fica sobre o dique, no rio, onde vive o casal de castores.
Um sorriso cruel desenhou-se lentamente no rosto da feiticeira.
– É tudo quanto tem a dizer?
– Não, Majestade – respondeu Edmundo, apressando-se a contar
tudo o que ouvira na casa dos castores.
– O quê!? Aslam! Aslam! Será possível? Se descubro que é mentira
sua...
– Perdão. Estou só repetindo o que ouvi – gaguejou Edmundo.
Mas a rainha já deixara de preocupar-se com ele e batia palmas. E
logo apareceu o anão que antes a acompanhava na floresta.
– Prepare o trenó – ordenou a Feiticeira Branca. – E tire os guizos
dos arreios.