Page 150 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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O ENCANTAMENTO COMEÇA A QUEBRAR-
SE
Logo que o Sr. Castor declarou que não havia tempo a perder, começaram
todos a enfiar os casacos, menos a Sra. Castor, que se pôs a apanhar sacos e
a colocá-los em cima da mesa.
– Sr. Castor, passe-me aquele presunto – disse ela. – Aqui também
está um pacote de chá, açúcar e fósforos. Um de vocês apanhe dois ou três
pães, na arca daquele canto.
– O que a senhora está fazendo? – perguntou Susana.
– Arranjando merenda para todos, minha filha. É bom levar alguma
coisa para comer, não é?
– Mas é que não temos tempo! – protestou Susana, abotoando o
casaco até em cima. – Ela pode aparecer a qualquer minuto.
– É o que eu digo! – concordou o castor.
– Não sejam bobos! Ela demora uns bons quinze minutos até chegar
aqui.
– Mas precisamos ganhar tempo para ver se chegamos à Mesa de
Pedra antes dela – disse Pedro.
– É isso – insistiu Susana. – Quando vir que não estamos aqui, sairá
atrás de nosso rasto como um foguete.
– Ah, isso vai – concordou a Sra. Castor. – Ela vai de trenó, e nós
vamos a pé: nunca chegaremos antes.
– Tudo está perdido, então? – perguntou Susana.
– Deixe de aflições, minha filha, e vá buscar naquela gaveta meia
dúzia de lenços. Claro que não está tudo perdido. Não chegaremos antes
dela, mas poderemos escolher um caminho diferente daquele que ela pensa.
Assim talvez a gente escape.
– Muito bem, muito bem – disse o marido. – Mas a esta hora já
devíamos estar a caminho.
– Ai, vida minha, não comece o senhor também a me atrapalhar.
Vamos... assim... não, assim.