Page 283 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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morreu, tombado sob o muro do castelo, mas não sei. Chlamash e o rei
Edmundo continuam a lutar, mas a batalha já terminou por todos os lados.
Chlamash se entrega. Acabou-se a luta! Os calormanos foram
inexoravelmente batidos.
Ao cair do cavalo, Shasta se deu por perdido. Mas os cavalos, mesmo
numa batalha, pisoteiam os seres humanos muito menos do que se pode
supor. Depois de uns dez minutos, reparou que não havia cavalos
revolteando por perto e que os ruídos que ouvia não eram de combate.
Olhou em torno. Compreendeu que os arqueiros e os narnianos haviam
vencido. Os únicos calormanos vivos ao alcance da vista estavam
aprisionados, e os portões do castelo estavam abertos; o rei Luna e o rei
Edmundo apertavam-se as mãos sobre o aríete. Os lordes e guerreiros
conversavam animadamente. E de repente tudo se uniu numa tremenda
gargalhada.
Shasta correu para saber qual era o motivo de tanto riso. E deu com
uma cena muito engraçada. O infeliz Rabadash estava suspenso no ar, em
algum ponto da muralha do castelo. Seus pés, meio metro acima do solo,
davam chutes violentos. Sua malha de ferro estava presa a uma saliência
qualquer, apertando-lhe as axilas e cobrindo metade do seu rosto. Um
homem surpreendido no momento de vestir uma camisa apertada demais -
era esta a imagem de Rabadash.
Acontecera mais ou menos o seguinte: logo no início da batalha, um
dos gigantes procurou acertar Rabadash com a sua bota pontuda; não
conseguiu, mas o ferrão rasgou a malha. Ao encontrar-se com Edmundo às
portas do castelo, Rabadash tinha um rasgão nas costas de sua malha.
Acuado por Edmundo de encontro à muralha, pulou para um lugar mais
elevado, tentando defender-se de cima. Desconfiando que a sua posição,
acima da cabeça de todos, o tornava um alvo fácil para as flechas
narnianas, resolveu voltar para o nível do chão. Grandioso e assustador,
deu um pulo e um grito: “O raio de Tash cai do alto!” Mas pulou um pouco
para o lado, pois na frente estava um monte de guerreiros. Foi aí, com uma
precisão admirável, que o rasgão em sua malha foi pescado por um gancho
preso na pedra do muro. (Antigamente esse gancho prendia um aro que
servia para amarrar as rédeas dos cavalos.) E lá ficou ele, como uma peça
de roupa posta a secar, e todo o mundo dando gargalhadas.
- Deixe-me descer daqui, Edmundo - rosnou Rabadash. - Desça-me e
vamos lutar como reis e machos; mas, se for covarde demais para isso,
mate-me de uma vez.
- Com o maior prazer... - disse Edmundo, que foi interrompido pelo
rei Luna:
- Nada disso, Majestade. - E o rei Luna dirigiu-se a Rabadash: