Page 286 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Huin deu uma risada eqüina.

                        - É a sua cauda, Bri! Já vi tudo! Você está querendo esperar que a sua
                  cauda  cresça  novamente.  E  nem  sabemos  se  em  Nárnia  estão  usando
                  caudas  compridas.  Francamente,  Bri,  você  é  tão  vaidoso  quanto  aquela
                  tarcaína de Tashbaan.

                        - Que besteira, Bri - falou Aravis.

                        - Pela  juba  do  Leão,  tarcaína,  não  sou  desse  tipo  -  respondeu  Bri,
                  indignado. - Apenas guardo respeito por mim  mesmo e pelos cavalos da
                  minha espécie, nada mais.
                        - Bri - retornou Aravis, que não estava muito interessada no corte da
                  cauda -, há muito tempo que desejo fazer-lhe uma pergunta: por que vive
                  jurando pelo Leão ou pela juba do Leão? Pensava que tinha horror de leão.

                        - E  tenho.  Mas  quando  falo  do  Leão  estou  me  referindo  a  Aslam,
                  grande redentor de Nárnia, que nos livrou do inverno e da feiticeira. Todos
                  os narnianos juram por ele!

                        - Mas ele é um leão?

                        - É claro que não é um leão - respondeu Bri, bastante chocado.

                        - Pelas histórias  que contam  em  Tashbaan,  ele é  um  leão  -  replicou
                  Aravis. - Se não é um leão, por que o chamam de leão?
                        - Não pode entender isso na sua idade - respondeu Bri. - E mesmo eu,
                  que  não  passava  de  um  potrinho  quando  saí  de  lá,  também  não  entendo
                  muito bem.

                        (Bri estava virado de costas para a sebe ao dizer isso, e as outras duas
                  o  encaravam.  Falava  com  uma  certa  superioridade,  com  os  olhos  semi-
                  cerrados.  Por  isso não  notou  a  mudança de  expressão de  Aravis  e  Huin.
                  Estas tinham bons motivos para abrir a boca e arregalar os olhos, pois um
                  enorme leão havia pulado sobre o muro verde; um leão com o amarelo mais
                  brilhante,  um  leão  mais  belo,  mais  assustador  e  maior  do  que  todos  os
                  outros leões. Saltou para dentro do pátio e caminhou para Bri, sem fazer
                  ruído. Huin e Aravis, como se estivessem congeladas, também não faziam
                  o menor ruído.) Bri continuou:

                        - Sem dúvida, quando falam dele como sendo um leão, estão querendo
                  dizer que é forte como um leão. Mas é falta de respeito. Se ele fosse um
                  leão, seria um animal como qualquer um de nós. Ora essa! (E Bri começou
                  a rir.) Se fosse um leão, teria de ter quatro patas, uma cauda, e suíças!... Rá,
                  ru, ru. Socorro!

                        Pois  quando  acabara  de  falar  suíças  fora  tocado  por  uma  delas  na
                  orelha. Bri disparou como flecha para o lado oposto do pátio e então virou-
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