Page 290 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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seqüestrado, não sei bem como. Estava tudo preparado: um navio, tripulado
                  com gente dele, estava à nossa espera, pronto para zarpar. Papai, quando
                  soube,  já um  pouco tarde,  começou  a persegui-lo,  mas  quando  chegou à
                  praia lorde Bar já estava em alto-mar. Então, meu pai embarcou num navio
                  de  guerra.  Durante  seis  dias  perseguiu  o  galeão  do  bandido;  no  sétimo
                  houve a batalha. Uma grande batalha, desde as dez horas da manhã até o
                  sol sumir. Nossa gente aprisionou o galeão. Eu não estava lá! O lorde Bar
                  morreu na batalha, mas antes dera ordens para que um oficial me levasse
                  numa das canoas do navio. E essa canoa nunca mais foi vista. Mas só pode
                  ter sido a mesma que Aslam (ele parece estar por trás de todas as histórias)
                  empurrou para a praia para que Arriche me apanhasse. Gostaria de saber o
                  nome desse oficial, pois deve ter morrido de fome para que eu vivesse.

                        - Acho  que  Aslam  aqui  diria:  “Isso  é  história  do  outro.”  -  Foi  o
                  primeiro comentário de Aravis.

                        - Não me lembrava disso - falou Cor.

                        - Só estou imaginando como vai se realizar a profecia - disse Aravis -
                  e de qual grande perigo você irá livrar a Arquelândia.
                        - Bem - disse Cor, um tanto encabulado - eles acham, pelo jeito, que
                  eu já fiz isto.

                        Aravis bateu palmas:

                        - É  claro!  Como  sou  burra!  Que  coisa  maravilhosa:  a  Arquelândia
                  jamais  passará  por  outro  perigo  maior  do  que  Rabadash.  Não  está
                  orgulhoso?

                        - Acho que estou meio assustado - respondeu Cor.

                        - E agora você vai viver em Anvar - disse Aravis, um tanto ansiosa.
                        - Ó, até me esqueci da minha missão: papai quer que você venha viver
                  conosco. Disse que não há mais uma só dama na corte (eles chamam de
                  corte, sei lá por quê!) desde que mamãe morreu. Venha, Aravis. Você vai
                  gostar de papai e de Corin. Ele não se parece comigo: foi bem educado.
                  Não precisa ter medo...

                        - Pare com isso ou vamos mesmo brigar - replicou Aravis. - É claro
                  que irei.

                        O encontro de Bri e Cor foi dos mais alegres. E Bri, que ainda estava
                  numa  disposição  de  espírito  bem  submissa,  concordou  que  partissem
                  imediatamente para Anvar: ele e Huin atravessariam a fronteira de Nárnia
                  no  dia seguinte.  Despediram-se  afetuosamente do  eremita  e partiram.  Os
                  cavalos  esperavam  que  Aravis  e  Cor  fossem  montados,  mas  o  príncipe
                  explicou que, a não ser em guerra, quando cada um deve fazer o que souber
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