Page 292 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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RABADASH, O RIDÍCULO
Uma curva na estrada colocou-os em campo aberto; lá, do outro lado
de planuras verdes, abrigado dos ventos do norte por uma alta serra coberta
de matas, estava o castelo de Anvar. Muito antigo, fora construído de
pedras pardo-avermelhadas.
Antes de chegarem ao portão, viram o rei Luna, que lhes vinha ao
encontro, nada parecido com o rei imaginado por Aravis: usava roupas
muito velhas, pois acabava de chegar de uma visita aos canis, na
companhia de seus caçadores. Mas a reverência com que saudou Aravis ao
segurar-lhe a mão era digna de um imperador.
- Minha gentil senhorita, de todo o coração nós lhe damos as boas-
vindas. Minha mulher, se estivesse viva, a receberia com mais carinho, mas
não o faria de maior boa vontade. Sinto que lhe hajam sobrevindo
infortúnios que a levaram para longe da casa paterna, o que lhe deve
decerto magoar. Meu filho Cor contou-me sobre as aventuras por que
passaram juntos e me falou de sua bravura.
- Tudo se deve a ele, senhor - respondeu Aravis. - Pois foi ele quem
correu para o Leão e me salvou.
- Hem? Que história é esta? - perguntou o rei Luna com os olhos
brilhantes. - Não conheço esta parte da história.
Ficou sabendo por intermédio de Aravis. Cor, desejoso que a história
fosse divulgada, mas sentindo que não cabia a ele mesmo contá-la, gostou
dela muito menos do que esperava, chegando a achá-la um pouco sem
graça. Mas o pai é que se deliciou, recontando-a várias vezes durante
algumas semanas; a tal ponto que Cor desejou que o episódio nunca tivesse
acontecido.
O rei mostrou-se igualmente cortês com Huin e Bri, fazendo-lhes uma
porção de perguntas sobre suas famílias e onde viviam em Nárnia antes de
serem capturados. Os cavalos conservaram-se um tanto calados, pois não
estavam habituados a ser
tratados como iguais por humanos adultos. Com Aravis e Cor era
diferente.