Page 488 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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Teimar e Calormânia, Galma e Terebíntia eram devastadas pela fúria dos
reis e dos grandes fidalgos que lutavam em seu favor.
Depois mudou, e Lúcia, ainda mais bela do que todos os mortais,
estava de volta à Inglaterra, e Susana, que sempre fora a beleza da família,
voltava dos Estados Unidos.
A Susana da gravura parecia exatamente com a Susana verdadeira,
apenas menos bonita e com uma expressão menos simpática. Susana
invejava o esplendor da beleza de Lúcia, mas isso não interessava o
mínimo, pois ninguém se importava agora com Susana.
– Vou dizer as palavras mágicas. Pouco me importo. Vou dizer! –
Dizia que não se importava por que sentia que seu procedimento estava
errado.
Mas ao olhar para as palavras iniciais do encantamento viu bem no
meio da parte escrita, onde tinha a certeza de que não existia antes
nenhuma gravura, uma grande cabeça de leão, o Leão, o próprio Aslam,
olhando fixamente para ela. Estava pintado com um ouro tão brilhante que
parecia saltar da página e vir ao encontro dela.
Nunca chegou a ter certeza, mais tarde, de que a gravura não se
mexera um pouco. Conhecia muito bem aquela expressão. O leão rugia e
mostrava os dentes. Ela ficou horrorizada e virou logo a página. Deu com
um feitiço que permitia saber o que nossos amigos pensam de nós.
Ela desejara ardentemente experimentar o outro, o que tornava as
pessoas mais bonitas que os outros mortais, e agora achava que podia usar
este, já que renunciara ao primeiro. Depressa, com medo de mudar de idéia,
disse as palavras que nada me obrigará a revelar. E esperou, vendo o que
acontecia. Como não aconteceu nada, começou a olhar para as gravuras.
Viu de repente a última coisa que esperava ver: uma gravura
representando um vagão de terceira classe de um trem, com duas garotas de
escola sentadas lá dentro. Reconheceu-as logo: Margarida e Ana. Mas
agora era muito mais do que uma gravura. Estava viva. Via os postes
telegráficos passando pela janela e as duas garotas rindo e falando. Pouco a
pouco, ela começou a ouvir o que diziam.
– Será que vou vê-la este ano? – perguntou Ana. – Ou você vai
continuar grudada na Lúcia?
– Não sei o que você quer dizer com continuar grudada – disse
Margarida.
– Sabe, sim! No ano passado você estava doida por ela.
– Estava coisa nenhuma. Não sou nenhuma boba, Ana. Lúcia não é
má menina, mas antes do fim do ano eu já estava cheia dela.