Page 492 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                                               OS ANÕEZINHOS DO MÁGICO









                         Lúcia seguiu o Leão pelo corredor e viu de repente, vindo na direção
                  deles, um homem idoso, descalço e de túnica vermelha.

                         Coroava-lhe o cabelo branco uma grinalda de folhas de carvalho, a
                  barba chegava-lhe à cintura, e ele apoiava-se num bastão todo trabalhado.
                         Fez uma reverência profunda ao ver Aslam e disse:

                         – Bem-vindo à mais humilde das casas, senhor.

                         –  Está  aborrecido,  Coriakin,  por  ter  de  governar  uns  súditos  tão
                  apalermados como os que lhe dei?

                         – Não – respondeu o mágico. – São de fato muito estúpidos, mas não
                  são perigosos. Já estou até gostando deles. Algumas vezes perco um pouco
                  a paciência, esperando o dia em que poderão ser governados pela sabedoria
                  e não por esta magia rudimentar.

                         – Tudo a seu tempo, Coriakin – disse Aslam.
                         – Vai aparecer para eles? – perguntou o ancião.

                         – Não – disse o Leão com um meio rugido, que queria dizer (pensou
                  Lúcia)  o  mesmo  que  uma  risada.  –  Ficariam  assustados  demais.  Muitas
                  estrelas  envelhecerão  e  virão  descansar  nas  ilhas  antes  que  o  seu  povo
                  esteja amadurecido para isso.

                         Amanhã  tenho  de  visitar  Trumpkin,  o  anão,  lá  no  castelo  de  Cair
                  Paravel, onde conta os dias até o regresso do seu chefe Caspian. Contarei a
                  ele tudo o que está acontecendo, Lúcia. E não fique triste assim. Breve nos
                  encontraremos novamente.

                         – Aslam, o que chama de breve? – indagou Lúcia.
                         – Para mim, todo o tempo é breve – respondeu Aslam; e ao dizer isso
                  desapareceu, deixando Lúcia sozinha com o mágico.

                         – Lá se foi! – disse este. – É sempre assim, não conseguimos detê-lo;
                  não é como um leão domesticado. Gostou do meu livro?

                         –  De  algumas  coisas,  gostei  muito  mesmo  –  respondeu  Lúcia.  –
                  Sabia que eu estava aqui?
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