Page 496 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Anõezinhos vulgares. Não tão bonitos como os de Nárnia.
– É uma pena fazê-los voltar ao que eram antes. São tão engraçados,
são até bonitinhos! Vale a pena dizer isso a eles?
– Vale, vale, se conseguir com que eles entendam.
– Vamos experimentar.
– Não, não; acho que é mais fácil ir sem mim.
– Muito obrigada pelo almoço – disse Lúcia, afastando-se
rapidamente. Correu pela mesma escada e foi esbarrar lá embaixo com
Edmundo.
Os outros também estavam à espera. Lúcia sentiu a consciência doer
ao ver aquelas expressões ansiosas.
– Correu tudo muito bem! – gritou. – Tudo às mil
maravilhas! O mágico é formidável, e vi Aslam.
Disse isso e passou por eles correndo como o vento, entrando no
parque. O chão tremia com os pulos, e o ar agitava-se com os gritos dos
Monópodes.
– Aí vem ela, aí vem ela! – gritaram. – Três vivas para a mocinha!
Tapeou o velhote completamente!
– É muito doloroso – disse o chefe dos Tontos – não podermos dar-
lhe o prazer de ver-nos como éramos antes de ficarmos feios. Nem
acreditaria na diferença. Sabemos que agora estamos feios de morrer. Você
vê que eu não menti.
– Estamos horrorosos, chefe, horrorosos – fizeram os outros em coro,
saltando como balões. – E como diz, exatamente como diz.
– Pois eu não acho – disse Lúcia, gritando para ser ouvida. – Acho
vocês até bem bonitos.
– Escutem o que ela está dizendo, escutem. A menina está certa.
Estamos muito bonitos. Não há raça mais bonita.
Disseram isso com a maior naturalidade, sem mesmo notar que
tinham mudado de opinião.
– Ela está falando – disse o chefe – que éramos bonitos antes de
ficarmos feios.
– Isso mesmo, chefe, isso mesmo. Ouvimos o que ela disse.
– Mas eu não disse isso – gritou Lúcia. – Disse que estão bonitos
agora.