Page 500 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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                         Depois dessa aventura, navegaram para o sul e um pouco para oeste,
                  durante  doze  dias.  O  vento  era  suave,  o  céu  quase  sempre  claro  e  o  ar
                  quente.  Não  viam  ave  ou  peixe,  mas  uma  vez  avistaram  muito  longe  o
                  esguicho  de  baleias.  Lúcia  e  Ripchip  jogaram  muito  xadrez.  No  décimo
                  terceiro dia, Edmundo avistou a bombordo da torre de combate uma grande
                  montanha negra, erguendo-se no mar.

                         Alteraram  a  rota  e  dirigiram-se  para  aquela  terra,  quase  sempre  a
                  remo,  pois  o  vento  não  ajudava  a  navegação  para  noroeste.  Quando
                  escureceu, ainda estavam muito distantes da terra e tiveram de remar toda a
                  noite. No dia seguinte o tempo estava bom, mas a calmaria era absoluta.
                         A  massa negra estava  na  frente,  mais  próxima  e  maior,  mas  ainda
                  muito obscurecida, de modo que alguns julgaram estar ainda muito longe,
                  enquanto  outros  eram  de  opinião  que  se  haviam  metido  no  meio  do
                  nevoeiro.

                         Cerca  de  nove  da  manhã,  repentinamente,  ficou  tão  perto  que
                  puderam ver que não era terra, nem mesmo, no sentido comum, nevoeiro.
                  Era a Escuridão. É um tanto difícil de descrever, mas vocês compreenderão
                  como era, se se lembrarem da entrada de um túnel – um túnel tão comprido
                  e dando tantas voltas que não se vê a luz no fim. Durante alguns metros
                  ainda se vê a linha, depois chega-se a um ponto em que já é penumbra e,
                  subitamente,  mas  sem  linha  divisória  definida,  desaparece  tudo  numa
                  escuridão macia e densa. Foi o que aconteceu. Durante alguns metros ainda
                  viam na frente da proa o ondear da água brilhante. Mais para além, já viam
                  a água apagada e cinzenta como ao cair da noite. Mais longe ainda, era a
                  escuridão completa, o limiar de uma noite sem lua e sem estrelas.

                         Caspian gritou ao contramestre para fazer o barco parar, e todos, com
                  exceção dos remadores, correram para a frente e foram olhar da proa. Nada
                  se via. Atrás deles, o mar e o sol; em frente, a escuridão.

                         – Vamos entrar ali? – perguntou, enfim, Caspian.

                         – A meu conselho, não – respondeu Drinian.
                         – O capitão tem razão – concordaram vários marinheiros.
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