Page 498 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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natural.  Depois  de  Ripchip  ensinar-lhes  a  fazer  uns  remos  toscos,
                  começaram  a  remar  pela  baía  em  torno  do  Peregrino,  parecendo  uma
                  flotilha de pequenas canoas com um anão gordo sentado na popa de cada
                  uma.

                         Fizeram competições, e de bordo desciam garrafas de vinho que lhes
                  eram oferecidas como prêmio. Os marinheiros debruçavam-se por todo o
                  barco,  rindo  a  bandeiras  despregadas.  Os  Tontos  estavam  também  muito
                  encantados com o seu novo nome, Monópodes, que lhes parecia pomposo,
                  apesar de não serem capazes de pronunciá-lo direito.

                         – Nós somos – diziam na sua voz rouca – os Tontópoles pomonodes,
                  podemonos. Já quase sabíamos isso, que o nosso nome era esse.

                         Finalmente  decidiram  tomar  o  nome  de  Tontópodes,  como
                  provavelmente serão chamados por muito séculos.
                         Naquela noite juntaram-se todos lá em cima com o mágico, e Lúcia
                  reparou como lhe parecia diferente o andar superior, agora que já não sentia
                  medo. Os misteriosos sinais nas portas continuavam a ser misteriosos, mas
                  davam a impressão de que tinham um significado alegre e simpático. Até
                  mesmo  o  espelho  com  barbicha  e  cabelo  parecia  mais  engraçado  que
                  tenebroso. Ao jantar, tiveram todos, por meio de magia, aquilo de que mais
                  gostavam.

                         Depois  do  jantar,  o  mágico  executou  um  trabalho  de  magia  ao
                  mesmo tempo muito útil e interessante. Colocou duas folhas de pergaminho
                  sobre a mesa e pediu a Drinian que lhe desse uma descrição pormenorizada
                  da sua viagem até aquela data. À medida que Drinian falava, tudo quanto
                  dizia ia aparecendo no pergaminho em linhas seguras e nítidas, até que, por
                  fim, cada folha era um esplêndido mapa do Oceano Oriental, com Galma,
                  Terebíntia,  as  Sete  Ilhas,  as  Ilhas  Solitárias,  a  Ilha  do  Dragão,  a  Ilha
                  Queimada,  a  Ilha  da  Água  da  Morte  e  a  própria  ilha  dos  Tontos,  todas
                  colocadas exatamente nos lugares próprios e nas devidas posições.

                         Eram os primeiros mapas daqueles mares e muito melhores do que
                  os  outros  que  se  fizeram  depois  sem  auxílio  de  magia.  Aqueles,  que  à
                  primeira vista pareciam mapas vulgares, quando observados por uma lente
                  mágica  que  o  mágico  emprestou,  revelavam  imagenzinhas  perfeitas  de
                  coisas  reais,  de  modo  que  podiam  ver  o  próprio  castelo  e  o  mercado  de
                  escravos e as ruas de Porto Estreito, perfeitamente nítidos, ainda que um
                  pouco  distantes,  como  objetos  observados  pelo  lado  contrário  de  um
                  binóculo. A única imperfeição era a de ser incompleta a linha da costa da
                  maior  parte  das  ilhas,  pois  o  mapa  mostrava  somente  o  que  os  olhos  de
                  Drinian haviam visto. Quando acabou, o mágico guardou um dos mapas e
                  presenteou  Caspian  com  o  outro,  que  ainda  hoje  existe  na  Câmara  dos
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