Page 501 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Também acho – disse Edmundo.

                         Lúcia e Eustáquio nada disseram, contentes em ver o rumo que as
                  coisas tomavam. Mas a voz clara de Ripchip irrompeu no meio do silêncio:

                         – Por que não? Alguém quer me explicar por que não continuamos?

                         Como  ninguém  estava  muito  desejoso  de  explicar,  Ripchip
                  prosseguiu:
                         – Poderia supor que é covardia, mas espero que nunca se venha a
                  dizer em Nárnia que um grupo de pessoas nobres e de linhagem real, na
                  flor da idade, pôs o rabo entre as pernas porque tinha medo do escuro.

                         –  Mas  qual  é  a  vantagem  de  nos  metermos  naquela  escuridão?  –
                  perguntou Drinian.

                         – Vantagem? – replicou Ripchip. – Vantagem, capitão? Se vantagem
                  é encher a bolsa e a barriga, confesso que não vejo vantagem nisso. Tanto
                  quanto sei, não nos fizemos ao mar para procurar coisas vantajosas, mas
                  para ganharmos honras e aventuras. Aí está a maior aventura de que já ouvi
                  falar; se virarmos as costas, nossa honra ficará manchada.

                         Alguns marinheiros disseram, entre os dentes, coisas como “deixe a
                  honra de lado”, mas Caspian disse:

                         –  Que  bobagem,  Ripchip.  Era  quase  melhor  ter  deixado  você  em
                  casa. Pois bem. Já que coloca as coisas desta maneira, o melhor é ir em
                  frente. A menos que Lúcia não queira...
                         Lúcia não queria mesmo, mas pegou-se a dizer em voz alta:

                         – Estou com vocês.

                         – Vossa Majestade quer que se acendam as luzes?
                         – Sem dúvida. Trate disso, capitão.

                         Três lanternas foram acesas: na popa, na proa e no mastro principal.
                  E Drinian mandou pôr duas tochas no meio do navio. Mandaram para o
                  convés todos os homens, fortemente armados, para ocuparem suas posições
                  de combate, com as espadas desembainhadas, menos os que estavam nos
                  remos. Lúcia e dois arqueiros foram postar-se na torre de combate com os
                  arcos preparados e as flechas prontas a partir. Rinelfo estava na proa, com o
                  prumo  pronto  para  medir  a  profundidade.  Acompanhavam-no  Ripchip,
                  Edmundo, Eustáquio, Caspian, com as armaduras reluzindo. Drinian tomou
                  o leme.

                         – Em nome de Aslam! Para a frente! – bradou Caspian. – Remadas
                  espaçadas  e  certas.  Que  ninguém  fale  e  mantenham-se  todos  atentos  às
                  ordens.
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