Page 637 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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– Lá embaixo – disse Golgo – posso mostrar-lhes ouro de verdade,
prata de verdade, diamantes de verdade.
– Besteira! – disse Jill grosseiramente. – Como se a gente, mesmo
aqui, não estivesse por baixo das minas mais fundas do mundo...
– Já ouvi falar – disse Golgo – que na crosta da Terra há uns
fiapinhos de metal que vocês chamam de minas. Mas lá encontraram
somente ouro morto, prata morta, diamante morto. Em Bismo eles são
vivos e crescem. Lá poderão comer um galho de rubis ou tomar um suco de
diamante. É outra coisa.
– Meu pai foi até o fim do mundo – disse Rilian pensativo. – Seria
uma coisa formidável se o seu filho fosse até o fundo do mundo.
– Se Vossa Alteza ainda quer apanhar seu pai vivo – disse Brejeiro –,
e acho que ele gostaria disso, já é tempo de tomar o caminho do túnel novo.
– Eu, por mim, não vou para aquele buraco de jeito nenhum –
acrescentou Jill.
– Bem, se querem mesmo voltar para o Mundo de Cima – disse
Golgo –, há um trecho de estrada um pouquinho melhor.
– Oh, vamos logo, vamos! – implorou Jill.
– Que se há de fazer? – suspirou o príncipe. – Mas deixo um pedaço
de meu coração em Bismo.
– Por favor! – insistiu Jill.
– O caminho é todo iluminado – disse Golgo. – Vossa Alteza pode
ver o princípio da estrada do outro lado da brecha.
– Por quanto tempo ainda duram as luzes? – perguntou Brejeiro.
Nesse instante uma voz cortante e sibilante como a voz do próprio
fogo (ficaram a imaginar mais tarde se não seria a voz de uma salamandra)
assoviou das profundezas de Bismo:
– Rápido! Rápido! Para o fosso, para o fosso! A fenda está fechando!
Rápido! Rápido!
Imediatamente, com estrépito, as rochas estremeceram. A brecha
ficara mais estreita. De todos os lados gnomos atrasados corriam para ela.
Nem esperavam para descer pela rocha; pulavam de cabeça – ou porque um
bafo de ar quente soprava do fundo, ou por outra razão qualquer, o fato é
que desciam planando como folhas. Eram tantos que quase ofuscaram o rio
de fogo e os bosques de gemas vivas.
– Adeus para todos, já vou indo – gritou Golgo, mergulhando.