Page 661 - As Crônicas de Nárnia - Volume Único
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cascatas, para as bandas da floresta ocidental. Esta pele deve ter pertencido
                  a um leão mudo e selvagem.

                         A propósito, era isso mesmo. Um caçador matara o leão e arrancara-
                  lhe  a  pele  em  alguma  parte  da  floresta  ocidental,  já  havia  vários  meses.
                  Isso, porém, nada tem a ver com a nossa história.

                         – Tanto faz, Manhoso – disse Confuso. – Mesmo que seja a pele de
                  um  leão  mudo  e  selvagem,  por  que  não  devemos  dar-lhe  um  funeral
                  decente? Quer dizer, quando a gente conhece Ele, todos os leões são dignos
                  de respeito, você não acha?

                         –  Não  comece  a  meter  minhocas  na  cabeça,  Confuso  –  retrucou
                  Manhoso.  –  Você bem  sabe  que  pensar não  é  o seu ponto  forte.  Vamos
                  pegar esta pele e fazer uma capa bem quentinha para você usar no inverno.
                         – Ah, não! Nem pense nisso! – objetou o jumento.

                         – Ia parecer... quer dizer, os outros animais poderiam pensar... isto é,
                  eu não iria sentir-me...

                         –  Do  que  você  está  falando?  –  interrompeu  Manhoso,  coçando-se
                  como costumam fazer os macacos.

                         – Eu acho que seria uma falta de respeito para com o Grande Leão,
                  para  com  o  próprio  Aslam,  se  um  asno  como  eu  andasse  por  aí  metido
                  numa pele de leão – explicou Confuso.

                         – Não me venha agora com argumentos, por favor – disse Manhoso.
                  – O que é que um burro como você entende dessas coisas? Você bem sabe
                  que não é um bom pensador, Confuso. Por que não me deixa pensar por
                  você? Por que não me trata como eu o trato? Eu não acho que sou capaz de
                  fazer tudo. Sei que há certas coisas que você faz muito melhor do que eu. É
                  por isso que o deixei entrar no lago: sabia que você faria isso melhor do
                  que eu. Mas por que eu não posso ter uma chance quando se trata de fazer
                  algo que posso fazer e você não? Por que será que nunca posso fazer nada?
                  Seja justo e me dê uma chance, vá...
                         – Está bem... se é assim que você pensa...

                         – Sabe de uma coisa? – disse Manhoso. – Por que você não dá um
                  pulinho até Cavacópolis para ver se encontra algumas laranjas e bananas
                  para nós?

                         – Mas, Manhoso, estou tão cansado! – implorou Confuso.

                         – Isso é verdade. Mas também está molhado e com muito frio – disse
                  o macaco. – Você precisa de alguma coisa que o aqueça, e uma corridinha
                  vem bem a calhar. Além do mais, hoje é dia de feira em Cavacópolis.
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