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A Minha Autodescoberta


            Sobre as histórias destes dois confinamentos devido à COVID-19, muito haveria para dizer, pois foram perío-
          dos com muitos altos e baixos. Mas, para não maçar muito, vou contar apenas as peripécias mais importantes das
          minhas quarentenas.

              O primeiro confinamento, para mim, começou mal, porque tinha acabado de desistir do curso profissional que
          estava a frequentar sobre fotografia. Eu desisti do curso, ou seja, “fugi” por problemas com a minha turma e com
          um professor. Também não estava muito bem psicologicamente porque estava a enfrentar muitos problemas ao
          mesmo tempo, aí não aguentei e tive uma depressão. Logo a seguir, começou o confinamento e, em vez  de estar
          feliz, ainda fiquei mais triste. Chorava sem razão nenhuma, tinha ataques de raiva e ansiedade e não conseguia
          dormir. O meu pai tem uma amiga que é psiquiatra e então levou-me ao seu consultório. Falei com ela do que se
          passava e ela disse que eu estava mesmo mal e deu-me antidepressivos e comprimidos para dormir. Foi essa
          psiquiatra que me deu um atestado para poder faltar às aulas online do meu curso, porque eu não estava bem
          psicologicamente. Comecei a tomar a medicação e continuei igual, continuava a chorar e a não conseguir dormir.
          Senti pouca compreensão por falta do meu pai, porque ele, supostamente, pensava que eu já estava bem porque
          tinha antidepressivos, mas não foi o caso. Continuava triste, por isso voltei para a psiquiatra que teve que me dar
          algo mais forte. Quando saí do curso, que foi quando começou o confinamento, larguei todas as redes sociais,
          Instagram, Whatsapp, Twitter, etc... Não queria estar com ninguém e as redes sociais naquela altura estavam a
          fazer-me mal. Por isso fiquei ainda mais triste porque ninguém falava comigo e afastei-me de toda a gente.

              A meio de Abril, comecei a ver o “Big Brother” e houve uma concorrente que me chamou muito a atenção. Era
          vegana e defendia muitos os animais e as suas causas. Concordava com tudo o que ela dizia e comecei a ter a
          mesma visão sobre muitas coisas. Comecei a comprar comida vegetariana e a cozinhar. Foi o meu maior entrete-
          nimento durante a quarentena, e fui vegetariana durante esses meses. Pode ser estranho, mas houve uma altura
          em que não consegui comer carne porque ficava triste pelo animal. Mudei a minha alimentação e alguns produtos
          que comprava. Comecei a comprar produtos veganos, por exemplo, champô e gel de banho, comprei livros com
          receitas vegetarianas e experimentei muitas coisas veganas.  Resumindo, foi a melhor coisa que podia ter feito na
          quarentena e estava muito feliz com esta vida vegetariana.

              Comecei a nova medicação e, passadas algumas semanas, comecei a notar diferenças em mim, já começava
          a ficar bem disposta e a dormir bem. Em maio tive que procurar escolas em Lisboa para mandar o meu currículo,
          para o ano letivo seguinte e a primeira opção que pus foi a escola Maria Amália Vaz de Carvalho. E em junho re-
          cebi a melhor notícia, a escola enviou mensagem ao meu pai a dizer que tinha sido aceite. Depois, vieram as fé-
          rias de verão, e aí sim relaxei a sério e fui para o Algarve.

               Em setembro começaram as aulas e gostei da escola desde o início. Estava feliz por ter amigos e socializar,
          mas não estava muito empenhada nos estudos. No final de janeiro, as escolas fecharam devido a muitos casos e
          mortes por Covid-19.

               As aulas online começaram e de repente deu-se o “clic” para a escola e os estudos. Comecei a estar atenta
          nas aulas e a participar, o que não é normal para mim porque sou tímida. Os meus colegas dizem que não perce-
          biam a matéria com aulas online e comigo foi o contrário, percebia tudo e estava muito empenhada. Neste confi-
          namento de 2021, tenho sido muito feliz. Tenho uma turma fixe, voltei a ter redes sociais, a socializar com gente
          da minha idade e ando muito feliz com a minha escola. Ando agora tão bem nesta altura que também estou a dei-
          xar aos poucos os meus antidepressivos (com ajuda de um psiquiatra) porque sinto que já não preciso deles. E
          este ano acertei na área e escolhi bem a escola.

               Concluindo, o meu primeiro confinamento não correu muito bem, mas o segundo corre lindamente, consegui
          dar a volta às coisas, mas claro com  muito tempo. Estas foram as minhas histórias e emoções durante os confi-
          namentos.

                                                                                  Rita Andrade, n.º 19  10.º LH4




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