Page 134 - Girassóis, Ipês e Junquilhos Amarelos - 13.11.2020 com mais imagens redefinidas para PDF-7
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um único homem com algumas nativas. A maior parte da formação daquele
grupo extraordinário era essencialmente de imigrantes, vindos de todas as
partes do planeta e que, ao contrário dos demais, não haviam se misturado
aos nativos das montanhas. E talvez tenha sido este o seu maior pecado.
Eles não eram um povo na concepção comum de raça. Eram uma mistura de
várias raças. Representantes os mais diversos de vários povos que se haviam
reunido sob um mesmo jeito de viver, uma mesma maneira de levar a vida e
cultivado crenças e costumes muito próprios.
Eram uma comunidade fechada de agricultores, como a grande maioria dos
montanheses daquelas bandas. Também eles cultivavam as pimenteiras,
criavam lhamas e alpacas e cavalos crioulos. Mas tinham como diferencial a
produção em grande escala do açafrão. Cultivavam-nos em todas as suas
espécies, mas principalmente o açafrão da flor branca.
A lenda que se misturava à história comprovada por alguns poucos
documentos oficiais, falava de um imigrante Mouro que teria chegado por
aquelas paragens no final do século XVIII quando tribos selvagens ainda
dominavam completamente as montanhas e suas planícies. Foi este o
personagem que deu origem ao povo Yana e acabou envolto em misticismo.
Um Mouro de pele escura, ele mesmo chamado pelos indígenas de Yana, cujo
significado é negro. Com suas leis e costumes estranhos, com seus indefectíveis
turbantes e a fé cega em um deus único e seu profeta e cuja terra de origem
pela sua descrição, fazia pensar no Marrocos, embora nunca se tenha
encontrado nenhuma comprovação disso. E que provou ser um personagem
excepcional.
Chegou como sobrevivente de um naufrágio e venceu as alturas das
montanhas e as terras áridas e geladas e conseguiu ser aceito entre as tribos
porque tinha conhecimentos de medicina e química e soube convencer os
nativos de que tinha poderes mágicos.