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E, além disso, havia a questão do ódio e havia a questão política e havia a
questão da luta pelo poder.
A briga em torno destas terras se transformou num pedestal de acusações para
serem usadas pelos detratores de Victor e dos Astu Ninan, que pretendiam
atingir através deles, os poderosos de quem Victor se servia para seus projetos
nas montanhas.
Instalou-se uma verdadeira guerra que perdurou por anos.
A cada nova eleição para qualquer que fosse o cargo público, sempre havia
alguém em um palanque, tratando em seu discurso da questão dos Yana.
E de modo geral o sentimento que prevalecia é de que eram pessoas perigosas,
capazes de atos perversos, criminosos, em nome de seu deus e da sua maneira
de viver que eles acreditavam ser a única admissível.
É claro que a atitude separatista dos Yana, fanática em suas crenças,
intransigente quanto aos relacionamentos com os demais e sempre
arrogantemente agressiva quando vinham à cidade, não ajudava a melhorar
a opinião pública.
E embora Victor mantivesse com os principais líderes da comunidade um
relacionamento bastante amigável, a verdade é que havia em todos os grupos
envolvidos, os brancos cristãos nas cidades e povoados dos altiplanos, os
mestiços e os indígenas das aldeias e povoados das montanhas e os Yana de
Mayuasiri Pacha, muitos representantes que não queriam um convívio
harmonioso.
Contra os Yana pesava principalmente a discriminação religiosa e muita
cobiça e inveja por causa do extraordinário sucesso financeiro que eles
conseguiam. Atribuído oficialmente a produção e comercialização do tempero
da flor branca do açafrão, mas que inflamava ainda mais o falatório acerca da
produção e venda clandestinas do psicotrópico.