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Astu Ninan. Uma infinidade de parentes distantes, todos com o sobrenome
Astu Ninan alegavam ter algum direito àquele remoto e esquecido pedaço de
terra sobre o qual a presença dos Yana havia feito despertar um interesse
inesperado.
Aconteceu que se espalhou a notícia de que em Mayuasiri Pacha, na estreita
faixa de floresta que sombreava o lago, perdendo-se nos penhascos e
desfiladeiros, crescia em grande quantidade uma planta arbustiva nativa,
conhecida pela extraordinária propriedade de indicar locais com diamantes.
A pandanus candelarun, ou planta de diamantes. A planta espalhava-se
naquelas encostas e como se não bastasse, vinha acompanhada das formações
de sedimentações vulcânicas chamadas kimberlitos, o que aumentava a
suspeita sobre a existência das pedras preciosas.
Não era novidade a existência de diamantes naquela região do mundo, a isso
que se devia a enorme fortuna dos Astu Ninan. Mas o fato é que a busca
incansável pelas pedras e a exploração de toda a região das montanhas
durante gerações, havia extinguido os veios e há anos não apareciam
diamantes em quantidade minimamente necessária para viabilizar sua busca.
Um trabalho que se sabia insanamente árduo e caríssimo. Mas o falatório e a
presença da pandanus candelarun e dos kimberlitos aguçou a cobiça e hordas
de aventureiros começaram a invadir Mayuasiri Pacha.
Seguiram-se vários episódios de violência e luta armada. Muitos destes
caçadores de riquezas desapareceram em Mayuasiri Pacha sem nunca se ter
descoberto o que aconteceu realmente com eles. E a desconfiança e a má
vontade da população contra os Yana só fez aumentar.
Victor particularmente não acreditava que realmente ainda houvesse
diamantes naquelas terras e os Astu Ninan, secretamente, concordavam com
ele. Mas alimentavam a polêmica para não abrirem mão de uma possível
fortuna no caso de existir mesmo algum veio esquecido de diamantes e por
conta disso opunham-se à venda de Mayuasiri Pacha para os Yana.