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incessantemente. Aqui se vê a produção extraordinária do intelecto. É uma
vida em imagens.
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Ao pensar já se deve ter aquilo que se procura, graças à imaginação
— a reflexão só pode julgar depois. Ela o faz medindo com correntes que
se desdobram e freqüentemente verificadas.
O que há de propriamente "lógico" no pensamento por imagens?
O homem sensato não tem praticamente necessidade de imaginação
e quase não tem.
É em todo o caso algo de artista essa produção de formas com as
quais alguma coisa entra então na memória: ela distingue tal forma e,
desse modo, a reforça. Pensar, é um discernir.
Há muito mais seqüências de imagens no cérebro do que aquelas
que utilizamos para pensar: o intelecto escolhe rapidamente as imagens
parecidas, a imagem escolhida produz de novo uma profusão de imagens:
mas depressa o intelecto escolhe de novo uma imagem entre estas e assim
sucessivamente.
O pensamento consciente não passa de uma escolha entre
representações. Há um longo caminho a percorrer até a abstração.
1) A força que produz a profusão de imagens; 2) a força que
escolhe o semelhante e o acentua.
Aqueles que estão febris operam da mesma forma sobre as paredes
e as tapeçarias, somente aqueles que gozam de boa saúde projetam
sobretudo a tapeçaria.
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Existe uma dupla força artista: aquela que produz as imagens e
aquela que as escolhe.