Page 35 - História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
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Zorbas não foi capaz de responder. Sabia que a cor da sua pele era
preta, mas achou que a emoção e o rubor que o invadiam o
transformavam num gato lilás.
CAPÍTULO SEGUNDO
Não é fácil ser mamã
- Mamã! Mamã! - tornou a grasnar a gaivotinha já fora do ovo. Era
branca como o leite e umas penas finas, ralas e curtas cobriam-lhe
parcialmente o corpo. Tentou dar uns passos e caiu junto da barriga de
Zorbas.
- Mamã! Tenho fome! - grasnou, dando-lhe bicadas na pele.
Que havia de dar-lhe de comer? Sabetudo nada tinha miado a esse
respeito. Sabia que as gaivotas se alimentavam de peixe, mas aonde ia
ele buscar um pedaço de peixe? Zorbas correu para a cozinha e regressou
fazendo rolar uma maçã.
A gaivotinha endireitou-se nas suas patas cambaleantes e precipitou-se
para a fruta. O biquinho amarelo tocou na casca, dobrou-se como se
fosse de borracha e, ao endireitar-se novamente, catapultou a gaivotinha
para trás, fazendo-a cair.
- Tenho fome! - grasnou ela colérica. - Mamã! Tenho fome!
Zorbas tentou que ela desse umas bicadas numa batata, em algumas das
suas bolachinhas - com a família de férias não havia muito por onde
escolher! -, e lamentou ter esvaziado o seu prato de comida antes do
nascimento da gaivotinha. Tudo foi em vão. O biquinho era muito mole
e dobrava-se em contacto com a batata. Então, no meio do seu desespero,
lembrou-se de que a gaivotinha era um pássaro, e que os pássaros
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